Nova variante do HIV está circulando em pelo menos três estados brasileiros, diz estudo
19/08/2024Uma nova variante do HIV (vírus da imunodeficiência humana) está circulando em pelo menos três estados do Brasil. É o que revela um estudo da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, nesta sexta-feira (16).
A variante é resultado de uma mistura genética entre os subtipos B e C e foi encontrada em amostras de sangue de pessoas do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia.
A análise identificou a variante em um paciente que estava realizando tratamento em 2019 na cidade de Salvador. A sequência genética foi comparada com informações registradas em bancos de dados genéticos, que revelou a presença do material nos outros dois estados.
A variante recombinante, termo que se refere a quando dois subtipos de HIV se unem, recebeu o nome de CRF146_BC e foi diagnosticada em quatro pessoas.
Segundo Joana Paixão Monteiro-Cunha, professora de bioquímica da UFBA e uma das autoras da pesquisa, a descoberta reforça o perfil de transmissão do vírus. “Nossos estudos mostram que as amostras são descendentes de um mesmo ancestral. Apesar de aparecer apenas em casos esporádicos, o vírus recombinante se disseminou.”
Ainda de acordo com a pesquisadora, a maior parte do material genético da nova variante é do tipo C. “A variante deve ser resultado de uma pressão genética e seletiva, com maior agressividade e adaptação do subtipo C”.
O estudo afirma que, separadamente, os subtipos B e C do HIV são responsáveis por cerca de 81% das infecções no Brasil, com a variante B sendo a mais comum. As formas recombinantes de HIV são responsáveis por cerca de 23% das infecções no mundo, aponta a pesquisa.
Sobre a descoberta da CRF146_BC, Bernardino Geraldo Alves Souto, professor de medicina da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), explica que os vírus C e o B possuem diferentes características: “O subtipo B é mais transmissível entre homens e tem uma agressividade maior. O C transmite mais de mãe para filho na gravidez, demora mais para apresentar sintomas e para prejudicar o sistema imunológico”.
O pesquisador reforça que há uma diferença entre o que o gene do vírus apresenta, e os efeitos que a variante pode trazer ao paciente. “Pode ser que a interação entre eles gere sintomas diferentes do esperado”, diz.
*Fonte: Pixabay