Butantan inicia produção da vacina contra a gripe para 2024

Butantan inicia produção da vacina contra a gripe para 2024

07/12/2023 0 Por Redação

Existe um dia no ano, geralmente no final de setembro, em que alguns dos profissionais responsáveis pela produção da vacina contra a gripe do Butantan chegam ao trabalho antes mesmo do amanhecer. 

Em uma das salas da Fábrica da Influenza, diretores, gerentes e coordenadores acompanham atentos a reunião de divulgação das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a composição do imunizante que deverá ser utilizado na próxima campanha contra a gripe. Imediatamente após o anúncio, é dada a largada para a fabricação das 80 milhões de doses do produto que irá proteger os brasileiros das possíveis complicações causadas pelo vírus influenza.

“No mês de início da campanha nacional de imunização, os esforços precisam começar simultaneamente em todos os estados do país. Por isso, tudo precisa ser milimetricamente calculado e organizado para que as primeiras entregas ao Ministério da Saúde aconteçam ainda em março. A produção da Influenza é uma engenharia complexa, pois nada pode sair do previsto”, explica o diretor técnico de produção do Butantan, Douglas Macedo. 

São cerca de sete meses de trabalhos intensos, com colaboradores e colaboradoras revezando-se 24 horas por dia para processar os mais de 500 mil ovos – matéria-prima utilizada para o desenvolvimento da vacina – que chegam diariamente à fábrica.

Para garantir uma proteção eficiente, a composição da vacina da gripe precisa ser atualizada anualmente. Às vezes, a composição do imunizante não varia de um ano para o outro; outras vezes, pode mudar uma, duas ou até as três cepas da vacina trivalente. Isso porque o vírus influenza – agente causador da doença – se multiplica e evolui rapidamente, fazendo com que mutações surjam com certa frequência: são as tão faladas novas cepas. 

“Essas evoluções são naturais. Elas podem tanto apontar uma eficácia das vacinas aplicadas nas campanhas anteriores, como uma eficácia de infecção pelo novo vírus. É uma dinâmica bastante complexa”, explica o gerente de Desenvolvimento e Inovação de Produtos do Butantan, Paulo Lee Ho. 

A OMS faz um monitoramento contínuo em todo o globo para entender quais são os vírus influenza que mais estão circulando em cada um dos hemisférios. Cerca de seis meses antes do início da temporada de frio, período de maior transmissão viral, a entidade anuncia quais as três principais cepas que devem estar na composição dos imunizantes. 

A vacina sempre contém dois vírus do subtipo A, até o momento H1N1 e H3N2, encontrados em várias espécies de animais e capazes de infectar humanos, sendo os responsáveis por grandes pandemias. Além desses, outros vírus A de origem animal podem infectar humanos e causar quadros graves da doença – caso do H5N1, que tem afetado milhares de aves silvestres nos últimos tempos. Completa a formulação um vírus do tipo B (atualmente da linhagem Victoria), que infecta apenas seres humanos e pode desencadear epidemias sazonais. 

É por isso que as vacinas são chamadas de “trivalentes”. Durante a fabricação do imunizante, cada uma dessas cepas dará origem a um monovalente, que deve ser produzido individualmente por questões de qualidade e segurança. Depois de prontos, os três monovalentes são, enfim, combinados e envasados.

Existem, também, as vacinas quadrivalentes, até o momento disponíveis apenas na rede privada de saúde e que incluem uma cepa extra do tipo B, da linhagem Yamagata. Entretanto, todos os vírus influenza B circulantes detectados pelas OMS entre fevereiro e agosto de 2023, como nos últimos anos, pertenciam apenas à linhagem Victoria – contemplada na versão trivalente do imunizante.

 

*Foto: Divulgação