Medicamento inédito pode fazer crescer dentes em adultos
08/09/2023
Alternativa pode estar disponível antes de 2030 se testes forem bem-sucedidos; Especialista do principal centro de odontologia de precisão do país comenta sobre o tratamento
Em casos de ausência congênita de dentes ou após a perda dos permanentes por causas variadas, sabemos que não acontece o nascimento de uma nova dentição, embora seja desejo de muitos, especialmente dos dentistas. Contudo, isso é algo muito pesquisado e discutido na ciência e que tem passado por transformações.
De acordo com um grupo de cientistas do Instituto de Pesquisa Médica do Hospital Kitano, no Japão, está sendo desenvolvido um medicamento capaz de estimular a formação dentária ou ainda atuar no desenvolvimento da dentição de crianças com ausência congênita dos dentes – condição que afeta 1% da população mundial.
Os pesquisadores conseguiram relacionar o gene USAG-1 com a limitação do crescimento dentário em camundongos. A descoberta foi a base do desenvolvimento do novo medicamento com o objetivo de bloquear parte da atividade desse gene, induzindo o crescimento dentário.
Com o início dos testes clínicos previstos para julho de 2024, caso sejam bem-sucedidos, o medicamento pode estar disponível até 2030. Para a fase 1 dos testes, o tratamento será realizado primeiramente nas crianças que apresentam ausências congênitas de dentes e, mais adiante, nos adultos.
“Atualmente, os tratamentos disponíveis para a perda de dentes ainda são limitados a substituição através de dentes artificiais, como próteses e implantes. Contudo, apesar de otimista, ainda são necessários mais estudos que comprovem a eficácia e segurança do medicamento”, explica Cassia Gil, executiva da Yappy, principal centro de odontologia de precisão do país.
Os pesquisadores acreditam ainda que, no futuro, o tratamento possa ser utilizado de maneira mais ampla. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) é estimado que 34 milhões de brasileiros adultos perderam 13 ou mais dentes e outros 14 milhões não possuem nenhum dente na boca, sendo esse o universo que poderá ser atingido por esse novo medicamento somente no Brasil.
“Estar sempre atentos às novas tecnologias na odontologia abre diversas possibilidades para oferecer tratamentos personalizados aos nossos pacientes. Temos o papel fundamental de conscientizar, prevenir, diagnosticar e tratar, além de fornecer orientações que mudem não só a saúde bucal, mas também a autoestima dos indivíduos como um todo”, finaliza Cassia Gil.
*Foto: Reprodução