Atividade física contribui para prevenção de câncer de endométrio e outros doze tumores
06/04/2023
Para tratar a doença que, segundo dados da OMS, causa uma em cada seis mortes no mundo, movimentar-se é fundamental. No Dia Mundial da Atividade física (06/04), o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), elenca como os exercícios físicos podem contribuir para a prevenção, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) de ao menos treze tipos de câncer
Praticar atividade física regularmente ajuda a prevenir ao menos treze tipos de câncer, dentre eles um dos tumores ginecológicos mais comuns, que é o que acomete o corpo do útero (endométrio). Uma pesquisa realizada pelo National Cancer Institute, nos Estados Unidos, apontou que o exercício regular está associado à diminuição de ao menos treze tipos de câncer incidentes e com altas taxas de mortalidade: esôfago, fígado, pulmão, rim, estômago, endométrio, leucemia, cólon, mama, cabeça, pescoço, reto e bexiga (1).
Conforme apontou o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), “Status Global sobre Atividade Física 2022”, até 2030, meio bilhão de pessoas poderão desenvolver obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e outras enfermidades devido ao sedentarismo (2). Mas qual é a exata relação da atividade física na prevenção e tratamento do câncer? Pesquisas demonstraram que uma vida ativa contribui tanto para a prevenção de tumores quanto para o bem-estar de quem já foi diagnosticado com a doença, além de aumentar o sistema imunológico, a circulação sanguínea e o fluxo de oxigênio, o que ajuda a combater as células cancerígenas.
Nesse sentido, numerosos esforços já vêm sendo feitos, para quebrar um paradigma: de que ‘pessoas com câncer deveriam descansar e evitar esforços físicos’. Henrique Novais Mansur, educador físico e doutor em Saúde pela Universidade Federal de Juiz de Fora, reforça: “ainda é pouco orientado pelos profissionais da saúde a prática do exercício físico nos pacientes com câncer”. Contudo, antes de começar, é sempre bom perguntar ao seu oncologista como e quando se movimentar, para assim escolher a intensidade do treino e o tipo de movimento mais adequado à sua condição e seguir orientações específicas ou treinos com profissionais qualificados.
Atividade física como aliada na prevenção do câncer – O exercício físico é um importante aliado quando falamos em prevenção do câncer. Mas, seus benefícios também se estendem para quem está em tratamento ou foi diagnosticado com a doença. Além de produzir bem-estar e regular a produção hormonal, ocorre a redução do estado pró inflamatório e a diminuição de citocinas que podem facilitar o surgimento de mutações e de câncer.
A redução da gordura corporal diminui o risco de câncer, pois o acúmulo de gordura pode colocar em circulação “substâncias” nocivas (fatores pró-inflamatórios e que favorecem o surgimento de tumores). Mas, deve-se lembrar, entretanto, que a realização de atividade física deve ser sempre orientada com base nas próprias necessidades e condições ósseas, musculares e cardiorrespiratórias e recomendação médica. Este é um fator protetor contra o desenvolvimento de tumores.
“É muito importante que a população tenha consciência da importância da vida em movimento, ou seja, que a atividade física – dentro de um contexto de estilo de vida saudável – favorece a prevenção de mais de uma dezena de tipos de câncer”, ressalta o cirururgião oncológico, Glauco Baiocchi Neto, presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), juntamente com o Guidelines da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), aponta que é seguro praticar exercícios durante o tratamento oncológico, desde que autorizado pelo oncologista.
Benefícios da atividade física – A prática de esportes regularmente:
- melhora a tolerância à glicose e reduz o risco de desenvolver diabetes tipo 2;
- previne a hipercolesterolemia e a hipertensão, reduzindo a pressão arterial e os níveis de colesterol;
- diminui o risco de morte prematura que pode ser causada por um ataque cardíaco ou outra doença cardíaca;
- previne e reduz o risco de a osteoporose e fraturas, mas também várias doenças músculo-esqueléticas;
- reduz os sintomas de ansiedade, estresse e depressão;
- produz gasto energético e diminui o risco de obesidade.
Quais exercícios fazer?
Cada uma dessas atividades traz benefícios diferentes para o corpo. Alguns fortalecem os músculos das pernas, braços, abdome, outros desenvolvem a mobilidade e ainda implementam resistência cardiorrespiratória. Algumas das opções são: caminhada; corrida; natação ou hidroginástica; ioga; dança; pilates; bicicleta; musculação; aeróbica e tênis.
Ainda, exercícios aeróbicos (como caminhada, corrida, ciclismo) quanto os voltados para o desenvolvimento e manutenção da força muscular (como flexão de joelhos, exercícios com resistência adequada e sobrecargas) são necessários e são uma forma de combate ao sedentarismo.
Redução de efeitos colaterais do tratamento – Movimentar o corpo também ajuda a reduzir os efeitos colaterais associados aos tratamentos e à doença, além do risco de o paciente sofrer um retorno do câncer (recidiva). A tal ponto que hoje o impacto da atividade física nas doenças oncológicas é um tema de grande interesse e com farta literatura. Muitas hipóteses foram levantadas sobre essa correlação, mas os mecanismos exatos pelos quais a prática esportiva tem impacto em várias formas tumorais ainda são desconhecidos.
De fato, os tratamentos oncológicos estão associados a efeitos colaterais. Estes incluem cansaço/fadiga, mais frequentemente relatados pelos pacientes em tratamento, a nível físico, bem como efeitos psicoemocionais, incluindo depressão com empobrecimento geral da aptidão física e qualidade de vida.
A atividade física contribui para diminuir os efeitos em cadeia, que podem resultar em menor adesão à terapia e, portanto, eficácia mais reduzida do tratamento e resultados menos favoráveis. O que também é compartilhado pelo educador físico: “O exercício físico é a melhor forma de tratamento da fadiga comum ao paciente em tratamento de câncer. Ela reduz a duração da internação e o tempo em terapia intensiva, auxiliando o paciente a retornar mais rapidamente às suas atividades cotidianas. Aumenta também a probabilidade de remissão da doença”, explica.
Benefícios da atividade física no tratamento de pacientes com câncer – O exercício físico, portanto, é uma parte importante do tratamento e prevenção desta doença. Como apontado, é conveniente reiterar sua capacidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas e seu potencial para diminuir o risco de recorrência de alguns tipos de câncer. Entre os benefícios aos pacientes oncológicos estão:
- Ajuda a recuperar processos inflamatórios, sistema imunológico comprometido e deterioração metabólica;
- Reduz a fadiga causada pelos tratamentos;
- Reduz a estimulação hormonal;
- Melhora a função cognitiva;
- Melhora a toxicidade muscular, óssea e cardíaca;
Mexa-se, mas com devidos cuidados – O educador físico Henrique Novais Mansur reforça que, antes de mais nada, é fundamental o paciente perguntar ao oncologista se há alguma contraindicação para a prática de atividade física. “O que deve ou não ser realizado, depende de uma série de fatores como o nível de atividade física no diagnóstico, o estágio e local da doença, a presença ou não de metástase”, pontua.
Portanto, antes de iniciar qualquer programa de exercícios, é importante conversar com sua equipe de saúde para garantir segurança. Também é crucial começar com intensidade leve e aumentar aos poucos a duração da atividade física.
*Foto: Reprodução