Saúde mental ultrapassa câncer como principal preocupação, aponta pesquisa
11/10/2022
De acordo com o levantamento, 36% dos entrevistados apontaram o bem-estar psicológico como o principal fator de preocupação, atrás apenas da Covid-19, citada por 47%. O câncer ficou em terceiro lugar como motivo de inquietação, mencionado por 34%.
A sondagem foi realizada entre os dias 22 de julho e 5 de agosto de 2022, com 23.507 pessoas, em 34 países: África do Sul, Alemanha, Austrália, Argentina, Arábia Saudita, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Holanda, Hungria, Índia, Indonésia, Irlanda, Itália, Japão, Malásia, México, Peru, Polônia, Portugal, Romênia, Suécia, Suíça, Tailândia e Turquia. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
Os entrevistados foram questionados sobre qual condição eles viam como o maior problema de saúde enfrentado pela população do seu país. Entre os tópicos estavam Covid-19, saúde mental, câncer, estresse, obesidade, diabetes, abuso de drogas, abuso de álcool, doenças cardíacas, tabagismo, demência, superbactérias hospitalares e infecções sexualmente transmissíveis.
No Brasil, os números refletem que a população tem as mesmas preocupações em relação à saúde. Aqui também a Covid ficou em primeiro lugar, apontada por 62% dos entrevistados. A saúde mental ficou a segunda posição, lembrada por 49%. O câncer vem logo em seguida, citado por 29%.
Em 2018, apenas 18% dos brasileiros disseram que a saúde mental era uma preocupação no país. Essa percepção cresceu no contexto da pandemia da Covid-19 —em 2020 foi mencionada por 27% e, em 2021, por 40%.
Para Cassio Damacena, líder de Healthcare da Ipsos Brasil, a grande apreensão com a pandemia gerou uma discussão sobre saúde que foi ampliada para a saúde mental.
“A pesquisa evidenciou uma maior preocupação com a saúde mental em relação às medições anteriores. Essa preocupação vem se mantendo mesmo com a flexibilização e retomada da normalidade no pós-pandemia. Vários efeitos vividos pela população, em diversos países do mundo, amplificaram a preocupação com a saúde mental, o que sinaliza que para os próximos anos esta deve continuar sendo uma pauta da saúde da população brasileira”, observa.
Levantamentos como esse, segundo Damacena, ajudam a evidenciar as necessidades da população para o setor público e as ações que devem ser realizadas.
“As pesquisas auxiliam não apenas no conhecimento, mas evidenciam as necessidades para o setor público e as ações que devem ser realizadas, como no suporte médico com psiquiatras, psicólogos e grupos de apoio, além de buscar formas de educar a população em como lidar com as questões trazidas pela pandemia. Essas ações direcionadas à saúde mental devem ser pauta, não somente do setor público, mas, também da saúde privada e do cotidiano da população”, ressalta.
*Redação
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