Evidências do primeiro caso da varíola dos macacos em animal são registradas em Paris
16/08/2022
Um recente estudo divulgou o primeiro caso com evidências de varíola de macacos em cachorro. De acordo com o artigo, a hipótese é que o animal, que vive em Paris, na França, tenha sido infectado pelos donos, que foram diagnosticados há poucos dias com a doença.
Publicado na The Lancet, a pesquisa explicou que o caso ocorreu após 12 dias do início dos sintomas do responsáveis pelo cão, um casal, que recebeu seu diagnóstico no Hospital Pitié-Salpêtrière. O cachorro, um galgo italiano de quatro anos, “apresentou lesões mucocutâneas, incluindo pústulas no abdômen e uma ulceração anal fina”.
Os dados mostraram que o sequenciamento do vírus do animal tinha 100% de compatibilidade com o tipo de vírus de um dos donos – consequentemente também sendo o mesmo subtipo que vem se espalhando pela Europa e Estados Unidos desde abril (início do surto).
“Aqui descrevemos o primeiro caso de um cão com infecção confirmada pelo vírus da varíola dos macacos que pode ter sido adquirida por transmissão humana. Os homens relataram dormir juntos com seu cachorro. Eles tiveram o cuidado de evitar que seu cão entrasse em contato com outros animais de estimação ou humanos desde o início de seus próprios sintomas (ou seja, 13 dias antes de o cão começar a apresentar manifestações cutâneas)”, escreveram os pesquisadores franceses.
“Dadas as lesões de pele e mucosa do cão, bem como os resultados positivos de PCR [exame] do vírus da varíola dos macacos de swabs anais e orais, hipotetizamos uma doença canina real, não um simples transporte do vírus por contato próximo com humanos ou transmissão aérea (ou ambos). Nossas descobertas devem estimular o debate sobre a necessidade de isolar animais de estimação de indivíduos positivos para o vírus da varíola dos macacos”, concluíram.
Vale lembrar que, já é sabido que a varíola dos macacos é uma zoonose, ou seja, doença que pode ser transmitida entre animais e humanos. Contudo, conforme esclarece o estudo, ainda não haviam evidências de casos em cães ou gatos, inclusive, “ainda não se sabe se gatos e cães domesticados podem ser um vetor para o vírus da varíola dos macacos”.
Mesmo antes de relatos, de acordo com informações do jornal Estadão, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA já recomendava o distanciamento social também de animais próximos a pessoas e outras espécies infectadas com monkeypox (vírus da varíola dos macacos). O relato reforça as medidas e agora inclui, oficialmente, os cães no grupo de animais que estão suscetíveis ao vírus, erguendo um alerta aos donos de pets.
“Em países endêmicos, apenas animais selvagens (roedores e primatas) foram encontrados para transportar o vírus da varíola dos macacos. No entanto, a transmissão do vírus da varíola dos macacos em cães da pradaria foi descrita nos EUA e em primatas em cativeiro na Europa que estiveram em contato com animais infectados importados. A infecção entre animais domesticados, como cães e gatos, nunca foi relatada.”
Como a varíola dos macacos é transmitida?
A transmissão da doença ocorre por contato próximo com as lesões, fluidos corporais e gotículas respiratórias de pessoas ou animais infectados. Apesar de, atualmente, grande parte dos casos estarem concentrados entre homens que fazem sexo com homens, ainda está sendo investigado se a transmissão ocorre por relação sexual.
De acordo com dados atualizados durante coletiva de imprensa do Ministério da Saúde (MS), realizada na segunda-feira (15), o mundo já registra 35.621 casos de varíola dos macacos em 92 países. No Brasil, que é um dos países com mais infecções, o número alcança, até o momento, 2.893 casos e mais 3.555 suspeitos.
*Com Olhar Digital
Foto: Getty Images/iStockphoto