Fila de espera por transplante cresce no Brasil após pandemia

Fila de espera por transplante cresce no Brasil após pandemia

20/06/2022 0 Por Redação

 

Um relatório feito pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (Abto), aponta que pelo menos nove pacientes morreram por dia à espera de transplante no primeiro trimestre deste ano. Além disso, a lista ativa de pacientes adultos e pediátricos em espera ultrapassou os 50 mil. Foi um crescimento de 30,45% desde o início da pandemia de covid-19.

A pandemia da covid-19 causou aumento nas contraindicações médicas de doação e contenção de procedimentos, dois fatores que impactaram diretamente nas mortes de pacientes em lista de espera. Segundo Gustavo Ferreira, presidente da Abto, a crise sanitária desestruturou o programa de transplante no Brasil, ao provocar impacto negativo no número de procedimentos e de doações, que vinham em alta.

A queda se deu, explica Gustavo Ferreira, por dois motivos principais: insegurança de movimentar um paciente debilitado e expô-lo ao vírus e por causa da pressão no sistema de saúde, que paralisou alguns centros de transplante e reduziu a ação de outros.

Em 2020, após recomendação de “contraindicação absoluta” do Ministério da Saúde, para doação de órgãos e tecidos em caso de doador com teste positivo, a  taxa de contraindicação passou de 15% em 2019, para 23% em 2021, reduzindo a efetivação das doações.

O índice de mortalidade em fila também progrediu. Foram mais de 4,2 mil mortes em 2021, número que foi de 2,5 mil em 2019. Isso tem forte ligação com a contaminação por covid. “São pacientes mais vulneráveis”, salienta Ferreira. Mais de 71% eram pacientes à espera de transplante renal, que precisam fazer hemodiálise ao menos três vezes na semana.

De acordo com o responsável pelos transplantes renais na Santa Casa de Porto Alegre, Valter Duro Garcia, o ano passado foi um dos piores para a atividade, especialmente o primeiro trimestre. Em números absolutos, os três meses iniciais de 2022 foram um pouco melhores. Na projeção anual, porém, “não foi bom”, destaca Garcia.

A taxa de efetivação de doação passou de 26,2% no fim de 2021 para 24,3% no primeiro trimestre deste ano. A queda foi acompanhada pelo crescimento da não autorização familiar para doação, que chegou a 46% – era 42% em 2021.

A contraindicação médica caiu, ficando em 21%, mas segue alta levando em consideração os níveis pré-pandemia. Em março, o governo flexibilizou as regras de doação em relação à covid para retomar os índices de antes da doença.

 

*Com as informações do A TARDE

*Foto: Reprodução