Restrição de carboidratos é melhor para combater a obesidade, diz especialista
07/06/2022
Para quem tem obesidade, fazer dietas de restrição calórica, como a do jejum intermitente, pode estar causando mais mal do que bem. O corpo reage quando as pessoas comem menos, afirma o pesquisador David Ludwig, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Harvard, nos EUA, em entrevista para o programa Today, da emissora americana MSNBC.
Restringir calorias não apenas faz com que as pessoas fiquem com mais fome, mas também diminui o metabolismo, observa o especialista. “Embora as pessoas possam perder peso a curto prazo, poucas conseguem ignorar a fome e lutar contra os problemas metabólicos para manter a perda de peso”, diz Ludwig ao programa.
A dica do pesquisador é seguir o que chama de “modelo carboidrato-insulina”: parar de contar as calorias e cortar apenas os carboidratos da dieta, para controlar os níveis de insulina (hormônio expelido pelo pâncreas para quebrar o açúcar presente do sangue).
“Insulina, você pode pensar nela como o melhor fertilizante para células de gordura. Em demasia, faz as células de gordura acumularem calorias. Portanto, como não há muita caloria disponível na corrente sanguínea, ficamos com fome”, explica o especialista.
Existem dietas de baixa ingestão de carboidratos, e que se tornaram muito populares nos últimos anos. A maioria envolve cortar açúcar pobre, do tipo refinado, presentes em produtos como pães, arroz e doces. O foco é consumir proteínas e gorduras saudáveis, como abacates e nozes.
Um exemplo é a dieta cetogênica (ou keto), que de forma extrema, restringe os carboidratos a 30 ou 50 g por dia, o que é um desafio para muita gente, já que apenas uma lata de Coca-Cola, por exemplo, possui 37 g de açúcar, conforme a própria fabricante.
Quando as pessoas passam a reduzir a ingestão de carboidratos e consumir quantidades moderadas de proteína e gordura, elas se sentem satisfeitas e naturalmente restringem as calorias, sem precisar contá-las, comenta o pesquisador Jeff Volek, da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, também em conversa com o Today.
Ele considera a perda de peso um benefício à parte, já que costuma usar a dieta de baixa ingestão de carboidratos como tratamento para o diabetes tipo 2. Segundo o cientista, pessoas que consomem pouco carboidrato podem perder mais de 10% do peso corporal e manter a redução.
Essa nova abordagem também elimina parte do estigma em torno da obesidade, que normalmente é tratada como problema comportamental. Muitos médicos geralmente assumem que as pessoas estão acima do peso porque comem demais ou têm pouca força de vontade. Os especialistas ouvidos pelo programa americano encaram a obesidade como condição biológica, relacionada à regulação da insulina.
*Com Trendsbr
Foto: lev dolgachov