Sem remédios nem comida, norte-coreanos sofrem com Covid-19

Sem remédios nem comida, norte-coreanos sofrem com Covid-19

25/05/2022 0 Por Redação

 

Da última vez que Ken Eom conseguiu falar com seus familiares na Coreia do Norte, eles não pareciam especialmente preocupados em contrair o novo coronavírus. Uma apreensão bem mais imediata era conseguir comida suficiente ou dinheiro para comprá-la. Contudo a situação pode ter mudado nas últimas semanas.

Depois de escapar do Norte em 2010, Eom agora vive na Coreia do Sul, onde ajuda desertores de seu país, além de ser orador da organização Freedom Speakers International (FSI), sediada em Seul. Sempre foi perigoso tentar ligar para alguém do Norte, por isso ele não conversava regularmente com a família.

“Da última vez que consegui contato, eles nem mencionaram o vírus. O governo lhes disse que não havia coronavírus na Coreia do Norte, então eles acreditaram. Só me pediram para enviar dinheiro para comprar alguma comida. Mas agora eu tenho certeza de que também estão com medo do vírus.”

Desde que, em 12 de maio, Pyongyang finalmente admitiu que a covid-19 estava se alastrando praticamente sem controle entre a população, Eom não pôde mais falar com seus familiares, e teme que o vírus tenha se disseminado em sua cidade natal.

Única solução para Kim: isolamento total

 

A doença em si e o confinamento estrito imposto aos 25,78 milhões de habitantes tende a agravar as vicissitudes por que passam muitos norte-coreanos. Os familiares de Eom se mantinham precariamente, atuando como intermediários para contrabandistas que atravessavam a fronteira entre a Coreia do Norte e a China com cargas de gente, dinheiro em espécie ou bens de consumo passíveis de serem vendidos no Norte.

O governo fechou as fronteiras nacionais no começo de 2020, com o fim de conter o vírus, mas assim também impediu muitos de obterem qualquer tipo de renda. Com acesso limitado a medicamentos, poucos médicos nos hospitais e uma população majoritariamente mal nutrida e pouco saudável, cortar todas as ligações com o mundo exterior pareceu para o ditador Kim Jong-un ser a melhor solução.

 

*As informações são de Julian Ryall, Deutsche Welle

*Foto: Reprodução