Canadá apela para Lei de Emergências para tentar barrar protestos antivacina

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, invocou a Lei de Emergências para barrar o acesso dos caminhoneiros antivacina a fundos arrecadados por meio de criptomoedas, como bitcoin. A partir de agora, o governo pode congelar contas bancárias sem a necessidade de aval por parte do sistema judiciário.

A medida emergencial foi adotada após os manifestantes terem arrecadado cerca de US$ 700 mil em bitcoins, recebendo inclusive o apoio do bilionário Elon Musk. O objetivo é forçar o fim dos protestos.

“Trata-se de uma atitude que tem como foco a segurança dos canadenses e a proteção dos empregos”, disse Trudeau.

“Estamos ampliando o escopo das regras financeiras anti-lavagem de dinheiro e antiterroristas do Canadá para cobrir plataformas de crowdfunding e os provedores de pagamento que eles usam”, afirmou a vice-primeira-ministra, Chrystia Freeland, em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (15).

Combate ao movimento ‘Comboio da Liberdade’ 

A ação de extrema urgência por parte do governo canadense ocorre após semanas de protestos de um grupo de caminhoneiros conhecido como ‘Freedom Convoy’ (Comboio da Liberdade, em tradução livre).

O governo prevê repressões mais severas contra os manifestantes, o que inclui prisões e multas para os próximos episódios de protestos, a grande maioria na fronteira com os Estados Unidos, como na cidade de Ottawa.

Nos últimos protestos, os manifestantes bloquearam estradas, desrespeitaram as regras sanitárias e fizeram buzinaços para expressarem o descontentamento com a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19.

Inclusive, as autoridades chegaram a bloquear US$ 10 milhões arrecadados pelos caminhoneiros por meio da plataforma GoFundMe, com o intuito de frear o grupo, mas logo em seguida os manifestantes buscaram meios alternativos de financiamento, como por meio do bitcoin.

Em busca de apoio político 

Agora, além de colocar em prática a Lei de Emergências, a meta do governo canadense é conquistar apoio político tanto na Câmara quanto no Senado.

Mas a tarefa não será fácil, tendo em vista que a empreitada para barrar a arrecadação por meio do ativo digital já vem recebendo várias críticas, como de Neeraj Agrawal, da organização de lobby cripto Coin Center.

Em sua conta no Twitter, ele comentou em tom de sarcasmo: “Ah, não, por favor, não exponha a facilidade com que o estado pode se apoiar em intermediários financeiros [para] cortar a arrecadação de fundos para protestos políticos”.

Na mesma sintonia tuitou o presidente de El Salvador, Nayib Bukele. “São essas pessoas que gostam de dar lições a outros países sobre democracia e liberdade?”, questionou.

Diante da nova medida do governo canadense, tudo indica que os protestos devem ganhar novos rounds nos próximos dias.

*Com Olhar Digital

Foto: Reprodução