Clientes da Amil se dizem prejudicados por mudanças no controle da empresa
09/02/2022
Na terça-feira (8), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidiu impedir a venda e a mudança societária da APS (Assistência Personalizada à Saúde), que controla quase 340 mil planos de saúde individuais da Amil. A decisão ocorre em meio a reclamações de muitos clientes, que têm enfrentado problemas para manter seus tratamentos em dia.
Numa tentativa de encontrar uma solução, eles têm se organizado e se mobilizado em grupos no Facebook e no Telegram e também com um perfil no Twitter.
Na descrição do grupo no Facebook, com 340 membros, se apresentam como “Vítimas da AMIL na transferência UNILATERAL da carteira de planos individuais e familiares para empresa de questionável idoneidade”. No perfil do Twitter “Migração Amil”, está destacado: “Exigimos informações e o cumprimento dos contratos”.
Alguns desses usuários relataram ao G1 e GloboNews que as dificuldades começaram quando a empresa anunciou, em dezembro de 2021, que venderia parte da carteira de beneficiários para a APS.
Como consequência da mudança de gestão, as pessoas estão com medo de não conseguir continuar com tratamentos longos e que dependem de medicamentos de alto custo.
Este é o caso da pensionista Heloísa de Lima, que é cliente da Amil desde 2005. Ela sofre com uma doença rara e degenerativa, conhecida como Atrofia Muscular Espinhal (AME). Para o tratamento, a cada três meses, precisa passar por um dia de internação para aplicação do medicamento Spinraza. Cada dose da medicação pode chegar a custar R$ 320 mil.
“Eu faço esse tratamento regularmente com um remédio que é caríssimo em um hospital da Amil. Eu consegui com o Ministério da Saúde que eles mandassem a medicação direto para o hospital. Eu apliquei uma dose agora em janeiro e tenho que tomar outra dose em três meses. Mas, com essas mudanças, eu não sei o que vai acontecer em três meses”, disse Heloísa.
Além da incerteza com relação ao tratamento de sua comorbidade, Heloísa relatou problemas para fazer exames. Em 26 de dezembro, procurou por um laboratório e, ao apresentar a carteirinha do plano, recebeu a informação de que a rede não atendia mais clientes da Amil.
“Dois grandes laboratórios foram descredenciados do meu plano. Fui no Sérgio Franco e no Bronstein e não consegui atendimento. Como vou ter certeza que o hospital que eu frequento também não vai parar de atender?”, questiona Heloísa.
“A Amil me mandou uma carta avisando sobre a transferência da empresa e disse que tudo continuaria como antes. Que a gente não teria problemas. Mas essas coisas você só vai descobrindo no momento que precisa. É sempre na hora mais difícil que você descobre que ficou desamparada.”
*Com informações do G1
*Foto: Reprodução