“Chip da beleza” pode causar efeitos colaterais graves no corpo humano, alerta Neurocirurgião
11/12/2021
Na edição desta sexta-feira (10) do quadro Correspondente Médico, no Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre o chamado “chip da beleza”, um implante hormonal do tamanho de um palito de fósforo que vem ganhando fama na internet após a utilização por influenciadoras digitais.
O tratamento, que não é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), promete resultados como emagrecimento, aumento da disposição física e massa magra sem a necessidade de grandes esforços.
Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, o médico Alexandre Hohl criticou o procedimento. “O grande problema é que muitas vezes se utilizam derivados anabolizantes – testosterona e, principalmente, a gestrinona entre as mulheres – e não existe indicação médica para isso. O objetivo é estético, não é para tratar uma doença. Efeitos adversos podem acontecer em diferentes partes do corpo.”
Em entrevista à CNN, Hohl mencionou também os principais efeitos colaterais causados pelo “chip”. “Alteração da pele, aumento dos pelos, oleosidade da pele, queda de cabelo, a voz da mulher pode ficar mais grave, aumento do clitóris, alteração da menstruação, da fertilidade, [e das funções] cardíaca e hepática… Os riscos são muito maiores que os benefícios”, disse.
Fernando Gomes concordou com o endocrinologista e afirmou ser necessário avaliar a situação com muito critério. “É muito interessante verificar como a medicina progride, então você pode oferecer hormônio de forma liberada e lenta sem a necessidade de tomar comprimidos ou injeções semanais. Mas o grande problema é o reloginho biológico que faz toda a regulação do corpo humano que é extremamente funcional, como se fosse um relógio suíço.”
Segundo o neurocirurgião, a atuação do implante gera uma confusão no corpo humano, similar aos casos de hipervitaminose.
“Você não tem a carência de um hormônio e oferece ele em excesso. Vai ter um efeito colateral que muitas vezes a pessoa está buscando, vai ficar mais bonita durante um período de tempo. Só que o preço disso, do ponto de vista biológico, pode ser bastante complicado. Você busca beleza e acaba com um problema cardiovascular”, concluiu.
A não aprovação do tratamento pela Anvisa também foi alvo de discussão, com Gomes ressaltando a necessidade de confiança nas entidades que gerem a Saúde no país. “Temos as sociedades médicas organizadas, os órgãos de regulação e, obviamente, o bom senso. Bonito mesmo é ser saudável.”
“A grande mágica é entender que a ciência progride passo a passo. É muito complicado a gente se lançar em algo simplesmente buscando uma aparência física mais bonita.”
O médico também destacou que, apesar dos altos riscos, o uso do “chip da beleza” não é necessariamente uma sentença de morte e recomendou que os pacientes procurem especialistas para uma avaliação.
“Nem todas as pessoas que estão usando vão ter os efeitos colaterais, mas precisamos ficar atento ao que pode acontecer e entender que existe este ‘balé de hormônios’ no corpo com um ajuste muito fino”, finalizou.
*Com CNN Brasil
Foto: Reprodução