Apps podem ajudar a detectar HIV em jovens, destaca Canal Tech
30/09/2021
Para o diagnóstico do HIV, o autoteste é um importante aliado, já que permite a identificação do vírus antes mesmo dos primeiros sintomas e eventuais complicações da doença. Nesse cenário, um estudo canadense e sul-africano observou que o uso de aplicativos para celulares pode acelerar a detecção do vírus da Aids, ainda de forma precoce, em pessoas mais jovens, a partir de experimento feito na África do Sul.
Publicado na revista científica BMJ Global Health, o estudo coordenado pela Universidade McGill comparou o do aplicativo com suporte para autoteste do HIV — batizado de HIVSmart! — com o teste convencional, para mensurar a efetividade da detecção e definir o posterior tratamento da condição. A conclusão sugere que estratégias de autoteste, quando conectadas com a tecnologia, podem acelerar os esforços para o controle da transmissão do vírus.
Vale lembrar que, para o fim da epidemia do HIV, a Unaids — programa das Nações Unidas — defende que o tratamento para a infecção deve estar disponível para todos, o que ainda não é realidade, mesmo após 40 anos da descoberta do agente infeccioso.
Além disso, foi estabelecida a meta 90-90-90 pela Unaids. Isso significa que a doença somente será controlada, em escala global, quando: 90% das pessoas que convivem com o vírus conhecerem o seu diagnóstico; 90% dos infectados estiverem em tratamento; e 90% das pessoas estiverem com supressão viral. Com o uso da medicação adequada e estabilidade da infecção, o paciente se torna indetectável e deixa de transmitir o vírus.
Importância de estimular autotestes para o HIV
Diante da desafiadora meta dos 90-90-90, a busca por novas tecnologias que estimulem o autoteste é fundamental. Segundo os autores do estudo, o autoteste de HIV via aplicativo pode acelerar a detecção de novas infecções, mas sozinho não resolverá a questão. É preciso que estejam disponíveis programas e logística apropriados, ou seja, os usuários devem estar conectados com os serviços para o tratamento, sempre de forma contínua.
“A OMS pediu evidências para o uso de suportes digitais e profissionais de saúde baseados na comunidade para melhorar os serviços associados ao autoteste de HIV”, explica Nitika Pant Pai, médico e um dos autores do estudo. “Nosso estudo mostra que um programa digital flexível, anônimo, seguro e baseado em aplicativo pode ser implantado, com sucesso, em populações jovens com experiência digital, mesmo em ambientes com poucos recursos”, complementa o pesquisador.
“O advento da covid-19 reduziu o acesso aos serviços de saúde. Combinado com o fato de que mais da metade das novas infecções por HIV, em muitos países africanos, ocorrem na população jovem, com experiência em tecnologia (faixa etária de 15 a 30 anos), isso significa que o autoteste de HIV com ferramentas de suporte digital preencherá necessidades não atendidas e melhorará as taxas de detecção”, aposta o pesquisador Keertan Dheda, da Universidade da Cidade do Cabo, caso a estratégia seja adotada na prática.
*Com informações da Futurity, Unaids e Canal Tech
*Foto: Pixabay