Robô poderá ajudar médicos em cirurgias com crianças que sofrem de epilepsia
08/06/2021
Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) estão desenvolvendo um robô para auxiliar cirurgias em crianças que sofrem de epilepsia, um dos problemas neurológicos mais frequentes na infância.
A tecnologia está sendo construída e testada dentro de um dos hangares do Departamento de Engenharia Aeronáutica da EESC-USP e faz parte de pesquisa financiada pela FAPESP, com coordenação do professor Glauco Augusto de Paula Caurin.
Na maioria dos casos, a crise convulsiva é tratada com remédios, mas cerca de 25% dos pacientes não respondem ao tratamento clínico. A nova máquina auxiliará os médicos a inserir eletrodos no crânio de doentes com esse problema de saúde para que o cérebro possa ser monitorado durante uma crise. Com a tecnologia, a operação se tornará muito mais segura, rápida e eficiente do que aquelas realizadas atualmente nos hospitais.
O robô
De acordo com Caurin, o equipamento, geralmente utilizado na fabricação de aviões, agora está sendo adaptado para auxiliar profissionais da saúde. A partir de imagens tridimensionais do cérebro do paciente recebidas on-line, a máquina auxiliará os profissionais de saúde a interpretá-las e a calcular exatamente onde os eletrodos devem ser inseridos, posicionando uma ferramenta tubular na cabeça da criança para que a equipe médica coloque os sensores.
“O robô conta com câmeras e sensores de distância. Um sistema de inteligência artificial analisa as imagens, os dados captados e mapeia os pontos para inserir os eletrodos. É mais segurança para as crianças que passam por esse tipo de procedimento”, disse o professor da EESC-USP.
Com o robô, o procedimento cirúrgico também será bem mais rápido. Atualmente, as tarefas realizadas durante a operação são executadas majoritariamente de forma manual pelos médicos, que contam apenas com alguns programas de computador para auxiliá-los.
Para criar a nova tecnologia, os pesquisadores importaram da Alemanha um braço mecânico articulado de última geração com aproximadamente 1,6 metro e 45 quilos, que será controlado por códigos computacionais desenvolvidos na EESC-USP.
A tecnologia tem sido testada por meio de simulações em crânios artificiais, visando identificar eventuais erros do sistema e prever todos os problemas que podem surgir no momento da cirurgia. Os primeiros resultados da pesquisa já estão sendo compilados e preparados para publicação em revistas científicas internacionais.
*Com informações da Agência FAPESP.
*Foto: Henrique Fontes/ EESC-USP