No Brasil número de mamografias tem pior 1º trimestre em 10 anos

No Brasil número de mamografias tem pior 1º trimestre em 10 anos

31/05/2021 0 Por Redação

 

 

O número de mamografias realizadas por mulheres no Sistema Único de Saúde (SUS) no primeiro trimestre deste ano despencou ao menor nível em 10 anos. Nos meses de janeiro, fevereiro e março, 751.525 mil exames foram feitos pelo SUS, número 24,3% menor que o registrado no último trimestre antes da pandemia provocada pelo novo coronavírus no Brasil, no fim de 2019.

Os dados foram levantados e analisados pelo núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, a partir do DataSus, o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Vale destacar que, por serem recentes, os números de exames podem sofrer alterações posteriormente.

A maior queda foi registrada nas mamografias de rastreamento de câncer, com uma queda de 26,4% no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período em 2019. Este tipo de exame é recomendado, segundo o Ministério da Saúde e a OMS, para mulheres sem sinais e sintomas, entre 50 e 69 anos, uma vez a cada dois anos. Já a mamografia diagnóstica teve uma redução de 2,7% no período analisado. Este exame pode ser solicitado em qualquer idade, a critério médico.

Presidente do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz afirma que o isolamento ocasionado pela pandemia e as orientações feitas para que consultas e cirurgias eletivas fossem canceladas são responsáveis pela queda nos números de exames realizados, em um país onde os indicadores sobre câncer de mama estão longe de serem positivos.

No Brasil, a estimativa é de que ocorram 66.280 novos casos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. Esse número corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres no país, segundo estimativa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). A mortalidade prevista pelo Inca é de 18.068 mulheres por ano (2019).

Já uma pesquisa realizada pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Observatório de Oncologia, mostrou que apenas 23% das brasileiras descobriram câncer de mama precocemente. A pesquisa analisou dados de 2015 a 2019.

A detecção do câncer em fases iniciais é essencial para que os tratamentos tenham sucesso. Esse tipo de tumor pode aumentar em um curto estágio de tempo, levando a paciente para metástase (quando o câncer se espalha em outros órgãos) mais rapidamente.

O câncer possui cinco estágios, sendo o zero o mais leve e o quatro o mais avançado. O tratamento para a doença é definido segundo o grau em que a doença se encontra na mulher. É também a partir disso que a opção por tratamentos menos ou mais evasivos, como a própria retirada da mama, é feita.

Para Holtz, os atrasos nos diagnósticos durante a pandemia vão ocasionar uma alta no número de mulheres que descobrirão tardiamente a doença.

“Vamos ter que lidar, depois que a pandemia passar, com casos onde mulheres já vão descobrir tardiamente que têm o câncer. E, por mais avanços tecnológicos que tenhamos para tratamento, eles não vão estar disponíveis para todo mundo”, completa.

A especialista chama a atenção também para a falta de aparelhos de mamografia nos municípios brasileiros e para a má distribuição deles em regiões precárias do país. O último estudo do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) mostrou que o SUS conta com 2.102 aparelhos; 40% deles, na Região Sudeste do Brasil.

*Com informações do Metrópoles

*Foto: Flick