Mãe vende tapetes e faz vaquinha para pagar tratamento da filha com leucemia
06/02/2021
A vida de Ana Paula Oliveira, de 24 anos, mãe da pequena Gabrielly Oliveira, de 7, virou de cabeça para baixo em maio do ano passado, quando a filha começou a passar mal em casa e precisou ser submetida a diversos exames. Os resultados não foram nada bons, e a criança foi diagnosticada com uma doença rara. Desde então, devido aos cuidados direcionados a Gabi e sem poder trabalhar integralmente, Ana Paula teve que se virar para sobreviver: decidiu fazer objetos de crochê, como tapetes e capas de utensílios domésticos, para vender
Mãe e filha são naturais de Mato Grosso do Sul, mas por causa da complexidade do problema de Gabi elas foram, inicialmente, encaminhadas a Brasília (DF), já que não há um setor que cuide de modo específico do caso da criança – diagnosticada com aplasia medular óssea severa – no estado de origem.
Às pressas, elas fizeram as malas e chegaram à capital do país dois dias após o encaminhamento, em 8 de agosto de 2020. Sem nenhuma fonte de recurso, Ana começou a vender artesanato nas redes sociais.
“O meu único recurso foi a venda de tapetes de crochê, para manter alimentação, transporte e aluguel. Eu tive ajuda de algumas pessoas com doações. Foi o que me ajudou a passar por esse período”, disse a mãe de Gabi, que precisou deixar os outros dois filhos – um de 11 anos e uma bebê de 3 – com a avó.
Transplante de medula
A esperança aumentou quando Ana Paula soube que a filha seria encaminhada para Curitiba (PR), com o objetivo de realizar o transplante de medula óssea, do qual a própria mãe seria a doadora. Mas o pesadelo aconteceu quando a pequena voltou a passar mal e, após análise dos médicos, foi constatado que o caso dela evoluiu para leucemia mieloide aguda – quadro pouco comum em crianças.
“Todo o processo de transplante foi cancelado. Como a doença evoluiu, ela tem que fazer o tratamento para futuramente receber o transplante. Os médicos disseram que pode levar de seis meses até um ano”, lamentou Ana, que chegou a fazer uma vaquinha on-line para pedir doações, com intuito de conseguir se manter no estado em que a filha está internada.
A autônoma contou que é difícil se manter sem poder trabalhar, já que o único sustento vem do artesanato. “Eu tenho que ficar à disposição dela 24h. Ela tem diversas intercorrências e preciso socorrer. Todo o gasto extra eu pago do meu dinheiro. Está muito difícil. Estou dependendo de doações, porque só com artesanato não consigo pagar tudo isso”, desabafou a mãe de Gabi.
Ana Paula relatou que os médicos disseram que a pequena Gabrielly pode receber alta assim que adquirir imunidade, mas, para isso, é preciso que ela tenha um lugar adequado para ficar. “A gente teria que montar uma casa aqui. Eu preciso de móveis. Principalmente o que for dela tem que ser novo, por causa do estado de saúde”, falou.
“Hoje ela tem 7 anos e uma vida toda pela frente. Então, no que puderem ajudar, ficaremos eternamente gratas. Que Deus abençoe cada um de vocês e que retribua em abundância toda ajuda que recebermos”, disse ANA PAULA, MÃE DE GABRIELLY
Os interessados em contribuir com qualquer quantia, podem acessar a vaquinha on-line através desse link.
Ajuda de custo do Estado
A Secretaria de Assistência à Saúde, do Ministério da Saúde, instituiu o Tratamento Fora de Domicílio (TFD). O dispositivo garante, por meio do SUS, uma ajuda de custo ao paciente e, em alguns casos, também ao acompanhante, encaminhados por ordem médica a unidades de saúde de outro estado, quando esgotados todos os meios de tratamento na localidade de residência.
Esse é o caso de Gabi. Contudo, de acordo com Ana Paula, até agora – após quase um ano que as duas estão longe de casa – não receberam o benefício. A mãe da pequena conta que seguiu todas as normas exigidas, como apresentar laudo médico e até criou uma nova conta a pedido das autoridades, mas não adiantou.
“O nosso estado tem uma ajuda de custo para as pessoas em tratamento, mas quando eu saí eles nunca me passaram essa ajuda de custo. Eu tenho todos os atestados. Eles queriam que abrisse outras contas, fiz todo o procedimento e não consigo esse benefício”, lamenta Ana. “A minha esperança é que a gente consiga essas doações para montar uma casa e se estabelecer em Curitiba para continuar o tratamento dela”, finaliza.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, que informou que vai analisar o caso de Ana Paula e Gabrielly e, posteriormente, dará um retorno. O espaço continua aberto.
*Com informações do Metropoles
*Foto: Reprodução /Arquivo pessoal