Saúde vai esperar mais estudos para protocolo com remédio contra coronavírus
30/12/2020
O ministério da Saúde afirmou nesta terça- feira (29) que só fará um protocolo unificado de medicamentos contra o novo coronavírus depois de conseguirem mais provas científicas de sua eficácia. O secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, disse que vê com bons olhos as notícias dos medicamentos da AstraZeneca e o vermífugo Anitta, estudado pelo próprio governo.
Segundo informações do Poder360, o remédio, conhecido como AZD7442, estudado por cientistas britânicos, envolveria uma combinação de anticorpos de longa ação. Quem desenvolve a droga é a AstraZeneca, mesma empresa que pesquisa a vacina contra o coronavírus que será usada pelo governo brasileiro.
Em vez de anticorpos produzidos pelo organismo para combater a infecção, a droga usa anticorpos monoclonais criados em laboratório. Seria capaz de prover imunidade instantânea contra a doença. Poderia ser ministrada como tratamento emergencial para conter surtos da doença em hospitais e asilos, por exemplo.
Se tiver a eficácia comprovada, o remédio deve ser tomado até o 8º dia da exposição ao coronavírus. Ajudaria a impedir o desenvolvimento da doença por até 12 meses.
O medicamento é estudado por 29 pesquisadores, coordenados pela professora Patrícia Rocco, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
A revista científica European Respiratory Journal publicou artigo científico com os resultados do estudo financiado pelo governo brasileiro sobre o uso do vermífugo nitazoxanida no combate ao coronavírus. Eis a íntegra (em inglês).
A carga viral dos 194 pacientes que se trataram com a nitazoxanida caiu 55% depois de 5 dias. Entre os 198 voluntários que tomaram o placebo, a carga viral teve redução de 45% no mesmo período. O vermífugo não levou à redução dos sintomas da covid-19. Os pesquisadores, desse modo, concluem não haver evidências de que o medicamento seja uma terapia efetiva para pacientes com casos leves de covid-19.
Um membro da Sociedade Brasileira de Infectologia ouvido pela reportagem do Poder360 e que não quis se identificar disse que o estudo não apresenta “dados clínicos relevantes“. “O artigo é muito fraco. É impossível recomendar qualquer coisa baseada nele“, afirmou.
O ministério da Saúde disse que, em tempos de pandemia, é permitido que o médico prescreva remédios para doenças que não estão presentes originalmente em suas bulas, uso tecnicamente chamado off label.
Franco, secretário-executivo da Saúde, disse que há comprovações de eficácia em tratamento precoce tanto do vermífugo quanto da cloroquina, remédio sem comprovação científica para covid-19 cujo uso é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro. Ainda assim, para a criação do protocolo unificado da pasta, disse ser preciso acompanhar mais os estudos.
“Alguns medicamentos como a cloroquina, como esse vermífugo, eles possibilitam, há evidências científicas da medicina baseada em evidências de que alguns medicamentos, dentre esses que foram citados,que tem eficácia na fase viral da doença, reduzindo os seus efeitos e evitando um agravamento do quadro clínico.”
*Com Poder360
*Foto: Reprodução