Mecanismo da OMS pode falhar e deixar países pobres sem vacina contra Covid até 2024

Mecanismo da OMS pode falhar e deixar países pobres sem vacina contra Covid até 2024

16/12/2020 0 Por Redação

 

 

O mecanismo global para distribuir vacinas contra Covid-19 a países mais pobres corre um risco de fracasso “muito alto”, o que pode deixar nações de bilhões de pessoas sem acesso a vacinas até o final de 2024, disseram documentos internos.

O programa Covax da Organização Mundial da Saúde (OMS) é o principal esquema global para vacinar pessoas em países pobres e de renda média de todo o mundo contra o coronavírus. Ele almeja entregar ao menos 2 bilhões de doses de vacina até o final de 2021 para cobrir 20% das pessoas mais vulneráveis de 91 países pobres e de renda média, a maioria na África, Ásia e América Latina.

Mas em documentos internos vistos pela Agência Reuters, os divulgadores do esquema dizem que ele sofre com a falta de fundos, riscos de suprimento e arranjos contratuais complexos que podem impossibilitar seus objetivos.

“O risco de fracasso para estabelecer um Esquema Covax bem-sucedido é muito alto”, diz um relatório interno enviado à diretoria da Gavi, uma aliança de governos, farmacêuticas, instituições de caridade e organizações internacionais que preparam campanhas de vacinação – a Gavi colidera o Covax juntamente com a OMS.

O relatório e outros documentos preparados pela Gavi estão sendo debatidos em reuniões da diretoria da Gavi realizadas entre os dias 15 e 17 de dezembro.

Segundo o documento que a Reuters teve acesso, um fracasso do programa pode deixar habitantes de nações pobres sem acesso às vacinas contra Covid-19 até 2024.

O perigo de fracasso é mais alto por o esquema ter sido criado tão rapidamente, o que o faz operar em um “território desconhecido”, alerta o relatório.

No mês passado, a Gavi contratou o Citigroup para receber conselhos sobre como mitigar os riscos financeiros.

Em um memorando de 25 de novembro incluído nos documentos submetidos à diretoria da Gavi, conselheiros do Citi disseram que o maior risco do programa está em cláusulas de contratos de suprimento que permitem que países não comprem vacinas encomendadas através do Covax.

Uma possível incompatibilidade entre demanda e suprimento da vacina “não é um risco comercial suficientemente mitigado pelo mercado ou os MDBs”, escreveram os conselheiros do Citi, referindo-se a bancos de desenvolvimento multilaterais, como o Banco Mundial. ( Com Reuters Bruxelas)

 

Foto: Pixabay