Sinovac subornou autoridades chinesas para aprovar vacinas de 2002 a 2011, diz jornal
05/12/2020Segundo divulgado pelo jornal norte-americano The Washington Post, a empresa chinesa Sinovac, desenvolvedora da vacina contra covid-19 que será produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, envolveu-se em casos de suborno ao governo chinês.
O jornal teve que teve acesso a registros de tribunais chineses, revelou as informação nesta última sexta-feira(4)
Devido a um acordo com a Justiça da China, Weidong permaneceu em liberdade e continua comandando a companhia. O jornal afirma que o executivo cooperou com promotores e argumentou que o pedido de suborno partiu da autoridade governamental.
O caso mais recente de corrupção citado envolveu o processo de aprovação da vacina da Sinovac para gripe H1N1. A empresa também teria cometido irregularidades na aprovação de uma vacina de hepatite A e numa outra vacina experimental para a SARS.
Em resposta ao jornal, a Sinovac reconheceu o ocorrido e afirmou ter conduzido auditorias internas. No relatório anual, a empresa afirmou que mantém políticas rígidas de combate à corrupção, mas que “essas políticas podem não ser totalmente eficazes”.
A Sinovac é uma das principais farmacêuticas desenvolvendo vacina contra o coronavírus na China. Os testes do imunizante, batizado de CoronaVac, estão na 3ª e última fase. Artigo publicado em 17 de novembro na revista científica Lancet Infectious Diseases mostra que a vacina produz anticorpos depois de 28 dias em 97% dos participantes dos testes.
A reportagem não menciona se há outras indicações de que a empresa tenha cometido irregularidades depois do julgamento do processo nem nada relacionado à produção da vacina contra a covid-19.
OUTRAS IRREGULARIDADES
Segundo o Washington Post, apesar de as condenações serem relacionadas a casos até 2011, há indícios de outras irregularidades tendo ocorrido até 2016, quando a Sinovac foi denunciada. Pelo menos 20 funcionários públicos e diretores de hospitais admitiram ter aceitado propinas em volumes menores de 2008 a 2016.
De acordo com a reportagem, apesar da gravidade das denúncias, não foram encontrados indícios de que a segurança ou eficácia das vacinas em questão teria sido comprometida.
O jornal lembra que a corrupção em sistemas regulatórios é um problema antigo na China e que durante muito tempo houve uma aceitação tácita do problema.
Em seu depoimento, Weidong alegou que “não podia recusar” a solicitação de propina por parte de Hongzhang, sugerindo que o funcionário é que estaria ameaçando o caminho da Sinovac com obstáculos burocráticos para aprovação.
A Sinovac é hoje a 2ª maior empresa do setor na China, perdendo apenas para a estatal Sinopharm, que também desenvolve uma vacina para covid-19.
As duas empresas contribuem para um certo orgulho nacional que a indústria biomédica chinesa inspira, por ter conseguido desenvolver as primeiras vacinas contra SARS e gripe suína do mundo.