USP disponibiliza teste para diagnosticar covid-19 pela saliva
02/12/2020 0 Por Redação
O Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP disponibilizou a partir desta terça-feira (1º/12) um teste capaz de diagnosticar a covid-19 pela saliva.
O exame poderá ser feito inicialmente por moradores da capital paulista ao custo de R$ 90 – para quem for à instituição para a coleta da amostra de saliva – ou de R$ 150 – para quem optar por fazer a autocoleta e enviar a amostra para análise por um serviço de retirada e entrega disponibilizado pelo centro.
“Inicialmente realizaremos no máximo 90 testes por dia [por ordem de cadastro], cujos resultados serão disponibilizados em até 24 horas”, disse à Agência Fapesp a professora Maria Rita Passos-Bueno, pesquisadora do CEGH-CEL e coordenadora do projeto.
Para solicitar o teste é preciso fazer um cadastro no link disponível no site do CEGH-CEL, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no Instituto de Biociências (IB) da USP.
O método é uma alternativa ao exame de RT-PCR, considerado o padrão-ouro para detectar o novo coronavírus durante a fase aguda da infecção, e similar aos já desenvolvidos no Brasil e em outros países com o objetivo de aumentar a disponibilidade e a rapidez e diminuir os custos para realização de testes moleculares por meio de simplificações dos processos.
Segundo Maria Rita, o teste está de acordo com as diretrizes determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) – agência regulamentadora de alimentos e fármacos – concedeu até o fim de agosto autorização para uso emergencial de cinco testes para diagnóstico de covid-19 baseados em saliva.
Uma das autorizações foi para um teste chamado SalivaDirect, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Yale.
No Brasil, o laboratório de genômica Mendelics criou e já comercializa um teste similar, e pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) estão desenvolvendo um kit na mesma linha.
“O teste que desenvolvemos tem algumas pequenas diferenças em comparação com os que têm sido comercializados no Brasil e nos Estados Unidos no que se refere aos reagentes utilizados”, afirma Maria Rita.
Teste piloto
O teste é baseado em uma técnica molecular amplamente utilizada para o diagnóstico de doenças infecciosas, como dengue, chikungunya, hepatite A e zika, chamada RT-LAMP (sigla em inglês de transcrição reversa seguida por amplificação isotérmica mediada por alça).
A técnica molecular tem algumas semelhanças com o método RT-PCR, que utiliza como amostras para realização dos testes secreções do fundo da garganta e do nariz. Em ambas as técnicas são induzidas reações para a realização de uma fase de transcrição reversa (RT), na qual o RNA do vírus é transformado em DNA, e uma fase de amplificação, em que regiões específicas do vírus são replicadas milhões de vezes para que o patógeno possa ser identificado.
Porém, o teste RT-LAMP desenvolvido no CEGH-CEL não requer a extração do RNA do vírus para ser detectado, o que é feito no RT-PCR por meio de reagentes importados, que são caros e frequentemente escassos no mercado, dependendo da demanda.
*Redação