Médicos chineses são condenados por tráfico ilegal de órgãos

Médicos chineses são condenados por tráfico ilegal de órgãos

27/11/2020 0 Por Redação

 

Seis pessoas foram presas na China por fazerem parte de uma rede ilegal de tráfico de órgão, entre elas quatro médicos conceituados. 

A rede de tráfico era constituída por quatro médicos conceituados que trabalhavam diretamente no setor de doação de órgãos. Os clínicos localizavam as vítimas de acidentes aéreo ou pacientes que sofreram hemorragias cerebrais, revelam os documentos do tribunal, segundo o jornal “South China Morning Post”.

De acordo com a mídia local, uma das médicas responsável pela unidade de cuidados intensivos, a Dra. Yang Suxun, abordava a família dos pacientes e recolhia a autorização do formulário oficial de doação. Mais tarde, as autoridades descobriram que estes consentimentos eram falsos e que o grupo havia enganado as famílias dos mortos fazendo-os pensar que estavam fazendo doações oficiais de órgãos. A pessoa então era levada para fora do hospital no meio da noite e colocada em uma van que parecia uma ambulância, onde os médicos removiam os órgãos.

Segundo relatos locais, faziam parte da quadrilha quatro médicos de alto escalão que trabalhavam na obtenção de órgãos em hospitais. Entre os anos de 2017 e 2018 eles removeram fígados e rins de 11 pessoas em um hospital na província de Anhui.

Os órgãos seriam então vendidos a indivíduos ou outros hospitais com os quais membros da quadrilha de tráfico contataram secretamente, segundo relatos.

A rede só foi descoberta após suspeita do filho de uma das vítimas. Vários meses após a morte de sua mãe em 2018, Shi Xianglin verificou novamente os documentos que sua família recebeu quando concordou com a doação de órgãos e encontrou várias discrepâncias, incluindo seções em branco nos formulários.

Ele então descobriu que não haviam registros da doação de sua mãe realizada com as autoridades provinciais ou com o Centro Administrativo de Doação de Órgãos da China em Pequim.

Ele disse à Dazhongwang – agência de notícias local – que quando perguntou a Yang sobre isso, ela ofereceu de imediato uma grande quantia em dinheiro para que ele “ficasse quieto”. “Foi quando tive certeza de que algo muito estranho estava acontecendo”, disse Shi, que prontamente avisou as autoridades.

Os seis homens da quadrilha de tráfico de órgãos foram condenados em julho pelo crime de “destruição deliberada de cadáveres”, porém o caso só se tonou público agora, que o filho de uma das vitimas resolveu falar com a mídia local.

Durante anos, a China coletou órgãos de prisioneiros executados para ajudar a atender à demanda, uma prática que foi amplamente criticada em todo o mundo. Foi oficialmente interrompido em 2015, mas as autoridades na época disseram que seria difícil garantir o cumprimento.

Após a interrupção, o país agora passou a depender de doações públicas para seu banco nacional de órgãos. As taxas de doadores na China aumentaram nos últimos anos, mas ainda são muito mais baixas em relação a outras partes do mundo.

*Da redação

Foto: Pixabay Imagens