
Pandemia leva 20% de agentes de saúde nas Américas à depressão. No Chile,10% já pensaram em suicídio
17/11/2020
A crise da Covid-19 está afetando o sistema de saúde na região das Américas especialmente a área de saúde mental.
Segundo uma pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, e da Organização Mundial da Saúde, OMS, revelou que a maioria dos países não está financiando a assistência a casos de transtornos mentais.
O estudo Heróis da Covid-19 foi compilado pela Universidade do Chile e de Columbia, nos Estados Unidos, incluindo Argentina, Guatemala, Peru, México, Chile e Venezuela.
Pelo menos 20% dos agentes de saúde relataram que passaram a sofrer de depressão após surgimento da pandemia.
A Terapeuta Cognitivo – Comportamental Rachel Bitencourt Moraes Oliveira (CRP 03/06599) afirma que “para a maioria das pessoas, enquanto a vacina não ficar pronta e disponível, o isolamento é a medida profilática alternativa. No entanto, para os profissionais de saúde esta medida não se aplica”, disse. “Eles constituem um grupo de risco por estarem na linha de frente do atendimento à pacientes contaminados, além de vivenciarem grande estresse, medo de contaminação para si e familiares, trabalho em condições muitas vezes inadequadas, como também lidar com a morte diária e o medo”, completou Rachel que conversou com o Portal da Saúde News direto de Brasília.

Segundo Rachel Bitencourt Moraes Oliveira (CRP 03/06599) a procura por atendimentos online aumentou consideravelmente em função da pandemia; Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com o diretor-assistente da Opas, o médico brasileiro Jarbas Barbosa, dos 29 países analisados, apenas dois financiam de forma adequada o atendimento.
Segundo ele, em seis nações das Américas, a situação é preocupante.
Barbosa elogiou o sacrifício dos agentes de saúde que estão se desdobrando e se arriscando para enfrentar a pandemia.
No caso do Chile, quase 10% dos trabalhadores da saúde já pensaram em suicídio após a Covid-19. E mais de 75% dos agentes estão preocupados com contrair o novo coronavírus e acabar infectando familiares e amigos.
A pesquisa examinou o comportamento do pessoal de saúde e problemas enfrentados por causa da crise neste primeiro ano da pandemia. Jarbas Barbosa lembrou que a doença interrompeu a vida de milhões de pessoas, causou desemprego, perdas econômicas, isolamento, sofrimento e uma quantidade inimaginável de mortes.
O médico ressaltou que a Covid-19 elevou os níveis de estresse para muitos na região das Américas gerando ansiedade e depressão.
Jarbas Barbosa contou que planos de aumentar o atendimento por telemedicina e consultas a distância não foram realizados por todos.
O atendimento a doentes mentais em iniciativas comunitárias, integradas na saúde primária, é um dos pilares dos serviços de saúde mental. Para o vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde, este atendimento tem que continuar sendo apoiado pelas autoridades.
A Opas informa que mais de 20 milhões já foram infectadas com o Covid-19 nas Américas e mais de 655 mil perderam a vida. A região tem um terço de todas as mortes de coronavírus no mundo.
A semana passada foi uma das piores em aumento de infecções. Foram mais de 1 milhão de novo casos em apenas sete dias.
Jarbas Barbosa disse que não se deve baixar a guarda. É preciso continuar a lavar as mãos, usar álcool em gel, máscara e manter a distância de pelo menos um metro do interlocutor.
Ele citou os exemplos do Chile, que reduziu a taxa de novas infecções em quatro vezes desde julho.
O Paraguai também baixou o número de novos casos desde setembro. E apesar de algumas notificações no Uruguai, o país conseguiu evitar a transmissão comunitária.
Fonte; ONU
Foto: Pexels