Pesquisadores criam biomarcador que diagnostica câncer de mama em fase inicial
03/11/2020
Pesquisadores do Hospital Clínic-IDIBAPS de Barcelona desenvolveram um biomarcador que integra variáveis clínicas de pacientes, informações sobre o tumor e dados genômicos para diagnosticar mulheres com câncer da mama HERS2+ em fase inicial.
Segundo a agência EFE, o estudo, publicado na revista ‘Lancet Oncology‘, contou com a colaboração da Universidade de Pádua e demonstra a capacidade de um diagnóstico precoce desta nova ferramenta, com o nome ‘HERD2DX’.
O biomarcador foi testado com dados de 702 pacientes com câncer de mama HER2+ recentemente diagnosticadas.
A investigação foi coordenada pelo chefe do Serviço de Oncologia Médica do Hospital Clínic-IDIBAPS e professor da Universidade de Barcelona, Aleix Prat, e pelo professor de Cirurgia, Oncologia e Gastroenterologia da Universidade de Pádua e investigador do Instituto Oncológico Veneto (IOV), Pierfranco Conte.
O câncer da mama ‘HER2+’ é responsável por 20% dos tumores da mama e, quando a doença está numa fase inicial, o tratamento local, a quimioterapia e o tratamento anti-HER2 com ‘trastuzumabe’ durante um ano têm demonstrado grandes benefícios para a taxa de sobrevivência a longo prazo.
No entanto, entre 20 a 30% dos pacientes acabam apresentando a doença numa fase avançada.
Nos últimos anos, novas estratégias terapêuticas foram incorporadas para combater a doença numa fase inicial, como novos medicamentos anti-HER2 pertuzumabe, T-DM1 e neratinibe.
“Existem pacientes que ficam curados com o tratamento padrão à base de quimioterapia e trastuzumabe, e não precisam de tratamento adicional. Também existem aqueles que precisam de tratamentos adicionais porque têm um alto risco de desenvolver a doença em estágio mais avançado nos próximos anos, mas infelizmente não temos ferramentas para saber quem é quem na hora do diagnóstico e, por isso, estamos a tratar demais e a ‘subtratar’ muitos pacientes”, explicou Aleix Prat.
Nos últimos cinco anos, a investigação tem-se debruçado sobre a heterogeneidade biológica da doença ‘HER2+’ e identificou vários grupos moleculares com diferentes sensibilidades aos tratamentos.
“A pergunta que colocamos a nós próprios era como poderíamos usar todo esse conhecimento para ter impacto na prática clínica. Ao integrar vários dados de 702 pacientes acompanhados por muitos anos, temos agora uma ferramenta inovadora que prevê a sobrevivência e permite individualizar o tratamento em cada paciente”, acrescentou.
O novo biomarcador combina 17 variáveis clínicas, patológicas e genômicas, com as quais prevê o prognóstico de pacientes com câncer de mama ‘HER2+’ numa fase inicial.
Os investigadores buscam agora perceber se o biomarcador permite também ajudar a diminuir o tratamento padrão e se é capaz de encurtar a duração do trastuzumabe ou a quantidade de quimioterapia necessária, ou até identificar os pacientes que não irão precisar de quimioterapia. ( Com Dn.Pt)
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