Ministério da Saúde lança campanha de incentivo à doação de órgãos

Ministério da Saúde lança campanha de incentivo à doação de órgãos

27/09/2020 0 Por Redação

 

O Ministério da Saúde divulgou o balanço sobre a doação de órgãos, tecidos e células e transplantes realizados no país no primeiro semestre de 2020. Na ocasião também foi lançada a Campanha Nacional de Incentivo à Doação, que este ano traz o slogan “Doe órgãos. A vida precisa continuar”. A campanha tem como objetivo sensibilizar a população quanto a importância da doação para salvar a vida de muitas pessoas que aguardam por um transplante.

Neste momento de pandemia causado pelo coronavírus, no mundo inteiro e no Brasil têm sido observadas queda nas doações de órgãos e nas realizações de transplantes, tornando-se um desafio para os países, tanto pelos esforços para manutenção das doações, quanto para garantir a segurança das equipes de saúde e dos pacientes. A campanha se tornou ainda mais necessária, tendo em vista o fato de que o Brasil contabilizava um número crescente de transplantes nos últimos anos.

“O Ministério da Saúde, junto aos estados e municípios, está empenhado em encontrar soluções para superar os obstáculos impostos ao programa de transplante na pandemia. A retomada dos procedimentos será subsidiada por protocolos rigorosos para garantir a segurança de todos”, disse o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.

De janeiro a julho de 2019 foram realizados 15.827 transplantes. No mesmo período em 2020, o número de procedimentos foi de 9.952. Alguns centros de transplantes, no entanto, conseguiram manter suas unidades ativas e livres da Covid-19 e hospitais de grande porte de transplantes, como o Hospital do Rim, em São Paulo, receberam pacientes de centros menores para realização do procedimento com maior segurança. No país, até 31 de julho, existiam 46.181 pacientes aguardando por transplante.

Importante ressaltar que as orientações para segurança de todos, fornecidas pelo Ministério da Saúde, permitiram a continuidade de vários programas e não há relatos, até o momento, de pacientes infectados durante a realização do transplante.

AÇÕES PARA RETOMADA

O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) incentivou as equipes de transplantes a acompanhar seus pacientes por meio de consultas em plataforma digital. A medida visa minimizar a circulação de pacientes portadores de doenças crônicas graves em unidades hospitalares. Houve um cuidado extra das equipes de transplante na seleção do paciente, buscando identificar possíveis portadores de Covid-19 assintomáticos ou outras situações clínicas que pudessem aumentar o risco da cirurgia nesse momento. Com a instituição deste novo protocolo, pacientes assintomáticos que testaram positivo na chegada ao hospital não puderam realizar o procedimento, o que obrigou as equipes a selecionar outro paciente para o transplante.

Outra ação do Ministério da Saúde é o acompanhamento semanal dos dados junto às Centrais Estaduais de Transplantes. A situação, no momento, parece ter se estabilizado. Centros importantes que estavam inativos estão retomando as atividades, e retomamos a captação de córnea em doador falecido por parada cardíaca.

QUEDA NOS PROCEDIMENTOS

A queda dos transplantes começou a ser observada na segunda quinzena de março, quando a pandemia começou no Brasil e seguiu os casos de notificação da Covid-19. Os estados mais afetados, com sobrecarga no sistema de saúde, foram obrigados a reduzir ou, algumas vezes, paralisar o programa de transplante. Contudo, à medida que a situação ficou controlada, o programa foi retomado.

O balanço no período de janeiro a julho deste ano apontou que aspectos como, logística de transporte de equipes, órgãos e tecidos entre estados foi fortemente impactada pela redução no número de voos comerciais. Os transplantes de medula óssea, pelo alto impacto imunológico, tiveram redução em 25,82%, passando de 2.130 em 2019 para 1.580, em 2020. Os transplantes de coração caíram 25,10%, passando de 231, em 2019, para 173 neste ano, impactado pela dificuldade de logística, redução no número de doadores e estrutura de UTI livre de Covid-19.

 

Com a pandemia, transplantes no Brasil reduziram em média 25%

 

 

Ranking dos Transplantes mais Realizados
Janeiro a Julho
Brasil 2019 2020
Rim 3.569 2.759
Fígado 1.282 1.169
Coração 231 173
Pâncreas Rim 74 55
Pulmão 57 35
Pâncreas 21 17
Intestino Isolado 2 1
Multivisceral 1 0
Total de Órgãos 5.237 4.209
Córnea 8.460 4.163
Medula Óssea 2.130 1.580
Total Geral 15.827 9.952
Fontes dos Dados: Sistema Informatizado do Ministério da Saúde/ CETs – Centrais Estaduais de Transplantes/ INCA/ TabWinDatasus

As doações de órgãos também tiveram queda de 8,4% em relação aos dados de 2019. De janeiro a julho de 2020, o país notificou 5.922 potenciais doadores de órgãos. No mesmo período em 2019 foram 6.466 doadores.

O Ministério da Saúde tem observado tendência ao aumento dos consentimentos familiares para a doação de órgãos no primeiro semestre de 2020, atribuindo o crescimento ao trabalho voltado a divulgação de informações. “O aumento na taxa de autorização, chegando este ano a uma média de 68,2%, é fruto de uma sociedade mais consciente do seu papel e da importância do gesto de doar. Por isso, é importante que os parentes e pessoas próximas saibam da vontade do seu familiar em ser doador”, ressalta Pazuello.

ESTRUTURA

O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de cerca de 95% dos transplantes no país. O Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é formado pelas 27 Centrais Estaduais de Transplantes; 13 Câmaras Técnicas Nacionais; 594 estabelecimentos de saúde; 1.420 equipes de transplantes; 574 Comissões Intra-hospitalares de Doações e Transplantes; e 68 Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos (OPOs).

O Ministério da Saúde repassa recursos para estados e municípios apoiando a qualificação dos profissionais de saúde envolvidos nos processos de doação e transplante. O orçamento federal para essa área mais que dobrou em 11 anos (2008-2019), passando de R$ R$ 458,4 milhões para R$ R$ 1,089 bilhão. Os recursos transferidos para o Plano Nacional de Implantação de Organizações de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO), no período de 2011 a setembro 2020, foram de R$ 148,1 milhões. O repasse para o custeio do Plano Nacional de Apoio às Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (PNA-CNCDO), no período de 2014 a setembro 2020, foram de R$ 67,5 milhões.

LOGÍSTICA

O Ministério da Saúde permanece com a parceria firmada com as companhias aéreas comerciais e com a Força Aérea Brasileira (FAB), por meio de Acordo de Cooperação Técnica, para o apoio à logística de transporte aéreo. Juntas, as companhias aéreas e a FAB transportaram 608 órgãos no primeiro semestre de 2020, sendo 497 por voos comerciais e 111 pela FAB. Já no primeiro semestre do ano passado foram transportados 696 órgãos, sendo 626 por voos comerciais e 70 pela FAB.  Essas parcerias são fundamentais para o sucesso do programa que exige uma logística ágil e confiável para viabilizar a captação e o transplante para as diferentes partes do país.

CAMPANHA

Todos os anos, no Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos, em 27 de setembro, o Ministério da Saúde lança uma nova campanha de conscientização sobre a importância da doação de órgãos. As peças mostram a relação entre a espera da volta da vida ao normal que vivemos antes da pandemia, com a espera de alguém que aguarda pela doação de um órgão ou tecido para tornar possível fazer as coisas mais simples, como respirar, ver e simplesmente viver. A campanha também destaca o fator fundamental para tornar possível uma doação de órgãos e tecidos: a autorização da família, estimulando que possíveis doadores conversem com seus familiares e manifestem esse desejo.

Mais informações em www.saude.gov.br/doeorgaos

 

Por Lídia Maia

*Fonte; Ministério da Saúde