Pazuello diz que nunca autorizou protocolo com medicamentos contra Covid-19

Pazuello diz que nunca autorizou protocolo com medicamentos contra Covid-19

18/01/2021 0 Por Redação

 

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta segunda-feira (18)que nunca indicou medicamentos para o tratamento da covid-19. A fala vai contra toda a atuação dele à frente da pasta.

Eu nunca indiquei medicamentos para ninguém, nunca autorizei o Ministério da Saúde a fazer protocolos indicando medicamentos”, afirmou em entrevista a jornalistas, indicando a mudança de postura, depois da aprovação para uso emergencial de vacinas.

Segundo o Poder360, uma das primeiras ações de Pazuello como ministro interino da Saúde foi alterar o protocolo e autorizar hidroxicloroquina para casos leves de covid-19. O Ministério da Saúde divulgou em maio de 2020 a 1ª versão de um documento com recomendações. Confira a íntegra (1 MB).

Os protocolos para o uso do medicamento nos pacientes desde o 1º dia de sintomas foram publicados no Diário Oficial da União. À época, o governo alegou que seguia recomendações do Conselho Federal de Medicina.

O documento “Orientações do Ministério da Saúde para Manuseio Medicamentoso Precoce de Pacientes com diagnóstico da Covid-19” foi atualizado em 11 de agosto (566 KB).

No arquivo, o ministério considera “a larga experiência do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de outras doenças infecciosas e de doenças crônicas no âmbito do SUS e a inexistência, até o momento, de outro tratamento eficaz disponível para a covid-19”.

“Confusão” de Termos

Na entrevista, Pazuello pediu a jornalistas que “não confundam tratamento precoce com definição de que remédio tomar” contra a covid-19. Disse ainda que o termo certo é “atendimento precoce”. 

“Incentivamos que pessoa doente procure imediatamente o posto de saúde, procure o médico, que faz o diagnóstico clínico. Isso é foro íntimo do médico. O ministério não tem protocolos sobre isso. Atendimento é uma coisa, tratamento é outra. Atendimento precoce, é esse o nosso objetivo”, disse em entrevista da qual participou o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), no Palácio do Planalto.

Reportagem da Folha de S. Paulo também revela que o Ministério da Saúde montou e financiou uma força-tarefa de médicos que defendem o “tratamento precoce” da covid-19 para visitarem UBSs (Unidades Básicas de Saúde) em Manaus. O presidente Jair Bolsonaro e outros ministros também já incentivaram o uso do medicamento no tratamento da doença diversas vezes em vídeos publicados nas redes sociais, muitos deles ao lado do chefe da pasta.

O ministro disse na entrevista que, quando solicitado pelos Estados e municípios, o governo federal seguirá distribuindo hidroxicloroquina.

Pazuello se exaltou com a jornalista que perguntou. “A senhora nunca me viu receitar ou dizer, colocar para as pessoas tomarem este ou aquele remédio”, disse.

Manaus

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a tentar afastar do governo federal de qualquer responsabilidades pelo colapso de saúde em Manaus (AM). Desde a semana passada, a cidade não tem oxigênio para todos os pacientes da covid-19 e até para bebês prematuros.

 “Fizemos tudo o que tinha de fazer. Estamos fazendo e vamos continuar fazendo”, disse Pazuello nesta segunda-feira, 18, no Palácio do Planalto, em entrevista à imprensa.

O general negou a lentidão do governo federal para oferecer ajuda na entrega de insumos como o oxigênio e culpou a imprensa: “Tudo é noticiado e apresentado diariamente. Nada disso chega desta forma a nossa população”, disse. “Essa é a nossa guerra. A guerra contra as pessoas que estão manipulando nosso país há muitos anos”, completou.

O presidente Jair Bolsonaro apoiou protestos feitos no Amazonas, em dezembro, que levaram o governador Wilson Lima (PSC) a desistir do fechamento do comércio. “Sei que a vida não tem preço. Mas não precisa ficar com esse pavor todo”, disse Bolsonaro em 28 de dezembro. “Vi que o povo em Manaus ignorou o decreto do governador do Amazonas”, completou.

Menos de um mês mais tarde, as aglomerações de fim de ano são apontadas pelo próprio governo local como determinantes para a explosão de internações e mortes.

O ministro ainda afirmou que o governo estuda o impacto da variante da covid-19 que foi identificada em Manaus. “Para descobrir o grau de contaminação, se é alto ou normal. Se causa gravidade maior. Se há impacto nas vacinas que estamos projetando ao país”, disse. Pazuello afirmou que não adianta “colocar uma redoma em Manaus”, pois a variante já circula no resto do País.

O governo federal disse ao Supremo Tribunal Federal (STF) que soube no dia 8 de janeiro da falta de oxigênio. No dia seguinte, segundo Pazuello, ele e sua equipe embarcaram para Manaus e houve reforço na entrega de insumos.

Ao lado de Pazuello na entrevista desta segunda, o governador Wilson Lima disse que conseguiu, nesta segunda-feira, equilibrar a distribuição de oxigênio. Ele afirmou também que há preocupação sobre nova pressão na rede de saúde em fevereiro, quando aumentam os casos de doenças respiratórias.

Pazuello afirmou que, mesmo com o exemplo de Manaus, o governo federal não deve realizar novas campanhas para incentivar o distanciamento social e outras medidas contra a covid-19. “O ministério já faz campanha sobre isso. E muito abrangentes”, disse. (Com informações do Poder360 e Estadão Conteúdo)

 

*Foto: MAURO PIMENTEL Crédito: AFP via Getty Images