Primeira brasileira a ser vacinada é Mônica Calazans, enfermeira negra de 54 anos

Primeira brasileira a ser vacinada é Mônica Calazans, enfermeira negra de 54 anos

17/01/2021 0 Por Redação

 

A primeira brasileira escolhida para receber vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, a CronaVac, foi a enfermeira do hospital Emílio Ribas, Mônica Calazans. Ela foi a vencedora do prêmio Notáveis CNN em 2020 pela sua luta contra o coronavírus.

O nome da primeira imunizada foi revelado pela jornalista Mônica Bergamo e confirmado pela CNN.

Mônica tem 54 anos e trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. A instituição é referência no tratamento de doenças infecciosas. Do grupo de risco, ela é obesa, hipertensa e diabética, mora em Itaquera, na zona leste da capital paulista, e trabalha na UTI em dias alternados, em escalas de 12 horas. O setor tem 60 leitos exclusivos para pacientes de Covid-19. A enfermeira trabalhou como auxiliar de enfermagem por 26 anos e decidiu fazer faculdade numa fase já madura. Se formou aos 47 anos. A enfermeira é viúva e mora com o filho, de 30 anos. Ainda cuida da mãe, que tem 72 anos e vive sozinha em outra casa.

O Hospital das Clínicas de São Paulo terá vacinação neste domingo (17), após uso emergencial ter sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Heroína do ano

Ao receber o prêmio Notáveis CNN em dezembro do ano passado, em 2020, Mônica se emocionou. “Eu não sei nem se essa palavra, heroína, cabe a mim. Falo por mim, por todos os profissionais de saúde que ainda estão na linha de frente e aqueles que não estão mais com a gente, que tentaram fazer um trabalho perfeito e foram arrebatados pela doença”, disse.

No país com o maior número de enfermeiros vítimas da Covid-19 em todo o mundo, ela falou sobre como tem enfrentado a realidade da pandemia. A equipe da premiação acompanhou Calazans antes de ela saber que receberia o troféu.

“Desde o início, eu estou na linha de frente. Eu tenho hipertensão, tenho diabetes e obesidade. Eu não sei por que eu não tenho medo. Não consigo explicar isso. É uma profissão em que você não pode ter medo”, contou a enfermeira.

“Você segura a onda e tem que trabalhar. Você tem que segurar o seu psicológico. Na realidade, você não pode se abalar com tudo o que está acontecendo. Você tem que ser muito forte”, diz ela, que já perdeu quatro amigos para a Covid-19.

“Eu me considero vencedora, porque desde o início eu estou me dando de peito aberto para cuidar das pessoas. Eu só tenho a agradecer”, revelou a enfermeira.

Ao receber o troféu, Calazans dedicou a homenagem a duas colegas de trabalho e ao filho.

“Quero dedicar a duas pessoas em especial. Uma delas é minha chefe, a Marli, enfermeira do Emílio Ribas. E a outra chefe é a Elizabete, enfermeira do outro hospital em que eu trabalho. Elas foram essenciais na minha vida nesse período. São pessoas admiráveis, pessoas ímpares”, contou.

 

*Da Redação

 

Foto: Reprodução