Anvisa alerta sobre primeiro caso de fungo multirresistente no Brasil

Anvisa alerta sobre primeiro caso de fungo multirresistente no Brasil

08/12/2020 0 Por Redação

 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu ontem, dia 7, um alerta de risco sobre o primeiro possível caso de Candida auris no Brasil.

O fungo considerado multirresistente que pode ser encontrado geralmente em serviços hospitalares, foi identificado através de uma amostra de ponta de cateter de um paciente internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) da Bahia.

A presença do superfungo foi confirmada por meio da técnica Maldi-Tof, realizada no Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (LACEN/BA) e no Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).

Segundo a Anvisa ainda serão realizadas as análises fenotípicas (para verificar o perfil de sensibilidade e resistência) e o sequenciamento genético do microrganismo pelos Laboratórios da Rede Nacional para identificação de Candida auris.

A agência disse ainda que  uma força-tarefa nacional esteve na unidade de saúde para  se certificar de que todas as medidas de controle da infecção e de prevenção estejam sendo tomadas corretamente.

Além disso, uma investigação epidemiológica será conduzida pelo estado para verificar se existe a contaminação de outras pessoas do serviço de saúde.

Recomendações da Anvisa:

  1. A agência brasileira orienta que os laboratórios de microbiologia reforcem a vigilância, para não deixar de identificar nenhum caso de C. auris. Além disso, informar sempre à Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do serviço sobre qualquer caso suspeito.
  2. As unidades de saúde devem seguir as orientações previstas no Comunicado de Risco nº 01/2017 para prevenção e controle de infecção, quando houver suspeita.

Candida auris

Descrita inicialmente no Japão, em 2009, a Candida auris vem chamando atenção da comunidade médica e científica porque algumas cepas possuem multirresistência aos principais antifúngicos disponíveis (classes de polienos, azóis e equinocandinas). Surtos já foram identificados em mais de 30 países.

Em 2016, o Centers for Diseases Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos emitiu um alerta mundial sobre os casos em Atlanta.

Nesse mesmo ano, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) também alertou para diversos surtos na América Latina.

Em 2017, a própria Anvisa sinalizou que o Brasil deveria ficar atento para possíveis casos. Apesar disso, apenas agora foi identificado um possível caso no país.

Candida auris pode causar infecção em corrente sanguínea e outras infecções invasivas graves, podendo evoluir para mortes, principalmente em pacientes com comorbidades.

O fungo pode habitar os pacientes por meses,  e permanecer no ambiente por longos períodos, já que também é resistente a alguns desinfetantes, incluindo aqueles baseados em quarternário de amônio.

tratamento de primeira linha atualmente é feito com equinocandinas (anidulafungina, caspofungina e micafungina). A anfotericina B lipossomal entra quando o paciente não responde ou persiste com fungemia.

Qualquer caso suspeito deve ser notificado imediatamente à CCIH da unidade. A comissão deverá notificar pelo formulário Notificação de Casos de Candida auris em Serviços de Saúde da Anvisa e informar a suspeita ou confirmação de casos à Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar (CECIH).

 

Redação

Foto: Bigstock