Mesmo sem acordo com Governo Federal, SP garantirá recursos para 100 milhões da coronaVac
28/10/2020
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (28) no Palácio dos Bandeirantes o governador do Estado de São Paulo João Doria declarou que vai garantir recursos para que 100 milhões de doses da vacina CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac e que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan estejam disponíveis no Brasil em 2021, mesmo que não haja acordo com o governo federal sobre o imunizante.
“O ideal é que façamos o rito dos últimos 50 anos: sistema nacional de imunização, aquisição e distribuição da vacina pelo Ministério da Saúde. Continuamos convictos de que essa é a melhor opção. Mas se houver uma negativa por razões de ordem política ou ideológica do governo federal, São Paulo mediante aprovação da Anvisa comprará a vacina, distribuirá a vacina e disponibilizará para todos os governos estaduais que desejarem.”
Na semana passada, Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e revogou decisão que havia sido tomado por ele de incluir a CoronaVac no PNI e adquirir doses da vacina, uma vez que ela obtivesse registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Bolsonaro, que é adversário político de Doria, também se recusou a assinar medida provisória destinando 1,9 bilhão de reais para a CoronaVac. Ele argumentou que a vacina ainda não tem comprovação científica –embora seu governo tenha destinado também por MP o mesmo valor para a vacina de Oxford, que também não tem eficácia comprovada ainda.
O presidente disse ainda que a vacina da Sinovac não transmite segurança por ser de origem chinesa.
Também na entrevista coletiva, Dimas Covas lembrou que a Anvisa já autorizou a importação de 6 milhões de doses prontas da CoronaVac e que a agência deve se pronunciar até a próxima semana sobre a importação de insumos da vacina para a produção pelo Butantan de mais 40 milhões de doses, o que resultaria em 46 milhões de doses em dezembro.
O acordo firmado entre Butantan e Sinovac prevê um total de 100 milhões de doses da CoronaVac até maio. Estão inclusas neste pacote as 46 milhões de doses previstas para dezembro, cujo contrato entre Butantan e Sinovac é de 90 milhões de dólares.
Após a negativa de Bolsonaro à vacina chinesa, governadores de vários Estados e diferentes partidos se manifestaram junto ao governo federal pedindo a inclusão da CoronaVac no PNI. (Com Reuters)