Estudo de médicos baianos é destaque em revista internacional
04/06/2024Um estudo de médicos baianos da Clínica Florence foi destaque na revista Critical Care Science, publicação internacional de grande relevância na área da saúde, mantida pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e pela Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos (SPCI) e dedicada a avançar o conhecimento em cuidados intensivos. Divulgado recentemente, o trabalho aborda a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) nos cuidados pós-UTI e seu potencial para otimizar os desfechos de pacientes mais dependentes ou complexos.
“O tema de cuidados pós-UTI tem sido cada vez mais discutido tanto na comunidade médica quanto na científica em geral. Antes, era algo completamente negligenciado. Na década de 90, ir para a UTI era quase uma sentença de morte, mas, com os avanços médicos, temos conseguido melhorar os tratamentos e mais pessoas têm sobrevivido”, destaca o baiano João Gabriel Ramos, intensivista e diretor médico da Clínica Florence, que liderou o estudo.
Com o avanço da Medicina, pessoas com mais idade e doenças graves têm chegado à UTI e conseguido sobreviver. Isso trouxe à tona a importância da ‘síndrome pós-UTI’, que envolve as sequelas do tratamento e da doença aguda. “Muitas pessoas não sabem que essas sequelas precisam ser observadas e tratadas.”, acrescenta Ramos. Além dele, o estudo também é assinado pelos médicos Michele Bautista, Rafael Calazans, Lucíulo Melo e Cassiano Teixeira. Juntos, eles exploram como intervenções direcionadas e planos de manejo personalizados podem melhorar significativamente a assistência após a alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
É o caso de Josenita Vitório, paciente da clínica. Ela ficou 92 dias na UTI e foi encaminhada para a Clínica Florence. Submetida a uma cirurgia de intestino, Josenita teve uma série de complicações que a fizeram permanecer por muito tempo na UTI e perder funcionalidades e independência. Após a reabilitação, conseguiu realizar o sonho de voltar a andar. “Eu disse que, ao entrar aqui, eu sairia recuperada, andando, embora eu tivesse chegado sem nenhuma movimentação”, conta.
Sequelas
O estudo investiga a relação entre a doença crítica e a fragilidade, mostrando que uma pode piorar a outra. Até 45% dos pacientes podem se tornar frágeis 90 dias após saírem da UTI e quase metade desses casos pode piorar com o tempo. Nesse sentido, torna-se essencial o acompanhamento após a saída da UTI, focando não só no paciente, mas também nos familiares.
“Todos os nossos protocolos de atendimento relacionados aos cuidados pós-UTI, tanto na prevenção quanto no tratamento da síndrome pós UTI, envolvem os familiares”, complementa Ramos. O médico salienta que é crucial considerar o estado anterior do paciente, sua idade, fragilidade, doenças prévias, como foi o tratamento na UTI, e o contexto atual do paciente, pois as sequelas são multidimensionais.
“Há sequelas físicas, como incapacidades e dificuldade de realizar atividades cotidianas; psicológicas, como depressão e ansiedade; cognitivas, como dificuldades de memória e aprendizado; e sociais, como perda de emprego e dificuldades de reinserção na sociedade. As sequelas mentais e psicológicas são as mais frequentes e muitas vezes incluem transtornos de humor”, frisa.
A análise também defende que modelos de cuidados pós-UTI, incluindo unidades de cuidados pós-agudos como hospitais de transição, são essenciais para proporcionar uma recuperação adequada e completa para os pacientes. “Aqui na Clínica Florence, que é um hospital de transição, o primeiro do Norte/Nordeste, nós contamos com atendimento humanizado e equipes médicas e multiprofissionais treinadas, incluindo nutricionistas, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico e assistente social, além de médicos especializados em Cuidados Paliativos, Terapia Intensiva, Geriatria ou Clínica Médica”.
*Foto: Divulgação