Doença raríssima é identificada em hospital do Rio de Janeiro
10/01/2024Um caso de divertículo gigante relatado pelo Hospital Municipal Salgado Filho (HMSF) foi apresentado no 17° Congresso Europeu Colorretal, realizado entre os dias 3 e 6 de dezembro de 2023 na cidade de St. Gallen, na Suíça. A descoberta reportada, uma formação inflamatória de 13 x 12 x 10cm na região abdominal, está entre os menos de 200 casos da doença catalogados pela literatura médica até hoje — em média, este tipo de inflamação tem entre 4 e 9cm de diâmetro. O paciente, um homem de 62 anos, foi operado no HMSF e está plenamente recuperado.
“O fato de o estudo ter sido publicado nesse congresso, muito restrito e respeitado, é o maior sinal da importância que ele tem”, destaca o cirurgião Alexandre Fiuza, um dos autores do trabalho, que ressalta a boa recepção da comunidade especializada internacional à revelação do Hospital Salgado Filho.
Alexandre Fiuza, que atua há 30 anos no setor de cirurgia do hospital, ficou encarregado da extração do tecido inflamado. Seu filho, Leonardo Fiuza, que seguiu os passos do pai e hoje participa do Programa de Residência Médica da Secretaria Municipal de Saúde na mesma especialidade, foi quem realizou o atendimento ambulatorial do paciente e descobriu o quadro por meio de uma tomografia computadorizada. Para completar, a cineasta Débora Fiuza, que também é filha de Alexandre, preparou o vídeo de apresentação do trabalho submetido à banca avaliadora do congresso.
Na cirurgia, Alexandre Fiuza teve a assistência das residentes Beatriz Salgado e Fernanda Rodrigues, também autoras do trabalho.
Um exame surpreendente
O caso de divertículo gigante chegou pela emergência do hospital. O paciente vinha sofrendo de dores abdominais e perda de peso — alguns dos sintomas mais comuns de divertículo — há pelo menos dois meses. Como informa o artigo publicado na renomada revista “European Surgery — Acta Chirurgica Austriaca”, assinado pela equipe do Hospital Salgado Filho, o exame clínico indicou a presença de uma massa flácida, palpável e dolorosa no flanco esquerdo do abdome. Ao ver o resultado da tomografia computadorizada, Leonardo Fiuza ficou incrédulo com o tamanho da inflamação.
“Nunca tínhamos ouvido falar em divertículo gigante. Pesquisamos e vimos que os casos eram raríssimos. Foi uma surpresa muito grande, que começou com um paciente com queixa de dor na barriga”, comenta Leonardo Fiuza.
Uma semana depois, a cirurgia de laparotomia exploradora confirmou a existência de massa inflamatória na parede abdominal e no cólon sigmoide, que fica na porção final do intestino grosso. O paciente teve uma recuperação tranquila e recebeu alta quatro dias depois.
*Foto: Divulgação