Taxa de suicídio na Bahia registra maior variação do país durante 2022, revela levantamento

Taxa de suicídio na Bahia registra maior variação do país durante 2022, revela levantamento

26/07/2023 0 Por Redação

 

Dados divulgados pelo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública na última quinta-feira (20) mostraram que a Bahia foi o estado brasileiro que registrou o maior aumento na variação da taxa de mortes por suicídio do Brasil, durante o ano passado.

O levantamento mostrou que a Bahia obteve uma variação de 36,8% na taxa dos casos, entre 2021 e 2022. O estado registrou 790 casos de suicídio durante o ano passado e 577 em 2021, totalizando 213 casos a mais na comparação entre os dois últimos anos.

Já as taxas desses mesmos períodos no total de mortes variaram entre 4,1% e 5,6% respectivamente.

O psicólogo e membro do Conselho Regional de Psicologia da Bahia, Elias Fernandes, explicou que a variação na taxa de suicido na Bahia pode estar relacionado com diferentes fatores sociais que impactam o cotidiano dos baianos, a exemplo da qualidade de vida, desigualdade social, aumento da pobreza, entre outros.

“Pensando nessa taxa de forma tão impactante a gente pode pensar em alguns fatores que estão envolvidos. A saúde mental está ligada aos condicionantes e aos determinantes sociais, ou seja, ela está intimamente ligada à nossa qualidade de e condições de vida. Durante a pandemia a gente teve um impacto muito grande no aumento da pobreza e da desigualdade e a Bahia está entre esses estados onde a pobreza aumentou”.

“Então quando a gente pega os dados de 2022 vemos que a pobreza na Bahia também aumentou e junto com isso vemos também o aumento da violência. A Bahia está também entre os estados mais violentos do país. Então essas duas questões impactam diretamente nessa taxa de suicídio”, disse.

O psicólogo indicou também que a falta de acessibilidade a serviços de saúde mental por pessoas de baixa renda também é outro fator que influencia no aumento da taxa.

“A gente tem pessoas que estão vulneráveis aos serviços de saúde mental. Essas pessoas nem sempre têm acesso a psicólogos e psiquiatras. Temos aqui na Bahia ainda um perfil majoritariamente de pessoas pretas pobres que não consegue acessar diretamente os serviços de saúde mental, que podem ajudar a prevenir essas taxas de suicídio. Temos uma população extremamente vulnerável a essas patologias e ao adoecimento mental. […] Começam a sofrer de ansiedade, de depressão que são comorbidades que podem gerar o suicídio em último grau. Ela gera o adoecimento mental que gera o suicídio”, observou o especialista.

*Foto: Reprodução