China pensa em flexibilizar estratégia “Covid Zero” após protestos no país
01/12/2022
As autoridades da China deram sinais de uma possível flexibilização da rígida estratégia de tolerância zero contra o coronavírus, após os protestos registrados no país para exigir o fim dos confinamentos e mais liberdade política.
Em um discurso na quarta-feira (30) para a Comissão Nacional de Saúde (CNS), a vice-primeira-ministra Sun Chunlan afirmou que a variante Ômicron do vírus perde força e a vacinação está aumentando, segundo a agência estatal de notícias Xinhua. A vice-premiê disse que existe “uma nova situação, que exige novas tarefas”.
Sun, considerada uma figura crucial na resposta de Pequim à pandemia, não citou a política de “covid zero”, o que sugere uma possível flexibilização na estratégia que afeta a economia e a vida cotidiana da população.
A irritação com a política anticovid da China, que inclui confinamentos severos, gerou protestos em grandes cidades como Pequim, Xangai e Guangzhou. O governo defendeu a repressão às manifestações, mas as autoridades também deram sinais de mudanças na estratégia de combate à pandemia.
Testes PCR menos frequentes
Pequim anunciou uma mudança no sistema de testes PCR. Os idosos e as pessoas que estudam ou trabalham de maneira remota não precisarão mais passar por exames diários, afirmou Xu Hejian, porta-voz do governo municipal. Os moradores da cidade, no entanto, precisarão apresentar um teste com resultado negativo de menos de 48 horas para ter acesso aos locais públicos.
Em Guangzhou, um importante centro industrial onde foram registrados confrontos entre policiais e manifestantes na terça-feira à noite, anunciou a suspensão de um confinamento de várias semanas.
Apesar dos números recordes para o país, os contágios são ínfimos em relação à população. Nesta quinta-feira (1º) foram registrados 35,8 mil casos — a grande maioria assintomáticos — em um país de 1,4 bilhão de habitantes.
A cidade central de Chongqing anunciou na quarta-feira que os contatos próximos de pessoas com covid-19 podem permanecer em quarentena em casa desde que cumpram alguns requisitos, uma mudança nas regras que os obrigavam a seguir para instalações de isolamento. As declarações de Sun e as regras mais suaves em algumas localidades podem ser um sinal de que a China começa a considerar o fim da política rígida de “covid zero”, segundo analistas.
“Acreditamos que as autoridades chinesas estão mudando para uma postura de ‘conviver com a covid’, como demonstram as regras que permitem o isolamento das pessoas em casa, e que não sejam levadas para centros de quarentena”, afirma um comunicado de analistas da ANZ Research. (Com AFP)
*Foto: THOMAS PETER | REUTERS