Cientistas desenvolvem peixe robô para remover microplásticos do oceano
31/08/2022
A presença cada vez maior de microplásticos nos oceanos representa uma forte ameaça à biodiversidade marinha. Além disso, prejudica a saúde de seres humanos que consomem peixes e frutos do mar que ingeriram essas minúsculas partículas originárias da fragmentação de objetos como garrafas, embalagens e canudos.
Para ajudar na remoção dos microplásticos dos mares, cientistas chineses desenvolveram um pequeno “peixe robô”, cuja função é absorver esse material poluente das águas.
“É de grande importância desenvolver um robô para coletar com precisão amostras de microplásticos poluentes do ambiente aquático”, disse Yuyan Wang, estudante de Ph.D. em Engenharia de Materiais do Instituto de Pesquisa de Polímeros da Universidade de Sichuan, na China, e um dos principais autores do estudo, publicado este mês na revista Nano Letters.
Com apenas 13 mm de comprimento, o peixe robô é incrivelmente capaz de carregar até 5 kg de material. Ele é flexível e tem um sistema de laser leve em sua cauda que o permite bater as nadadeiras a quase 30 mm por segundo – velocidade semelhante à do plâncton na água em movimento.
Feito de materiais inspirados em elementos que vêm do mar, como o revestimento das conchas dos moluscos conhecido como madrepérola, o robô autopropulsionado se agarra aos microplásticos flutuantes e é até mesmo capaz de consertar a si próprio, caso seja danificado durante a expedição.
Como os corantes, antibióticos e metais pesados presentes nos microplásticos têm fortes ligações químicas e interações eletrostáticas com os materiais do peixe robô, o dispositivo consegue atrair e absorver esse material, limpando as águas por onde “nada”.
“Depois que o robô coleta os microplásticos na água, os pesquisadores podem analisar ainda mais a composição e a toxicidade fisiológica dos microplásticos”, disse Wang ao jornal The Guardian.
Por enquanto, o robô é apenas um protótipo, e seus criadores dizem que mais pesquisas precisam ser feitas para que a tecnologia seja aplicada no mundo real. “Acho que a nanotecnologia é uma grande promessa para a adsorção, coleta e detecção de poluentes, melhorando a eficiência da intervenção e reduzindo os custos operacionais.” disse Wang.
Ela alerta que, à medida que aumentam os estudos sobre materiais e polímeros, também é necessário, sempre que possível, substituir o plástico em nossos cotidianos, diminuindo os resíduos microplásticos no meio ambiente.
*Com Olhar Digital
Foto: DIETMAR BEETZ