Dose única contra HPV protege significativamente contra câncer do colo do útero, diz OMS

Dose única contra HPV protege significativamente contra câncer do colo do útero, diz OMS

11/04/2022 0 Por Redação

 

A dose única da vacina contra o HPV oferece proteção robusta contra o vírus que causa o câncer de colo do útero. A proteção se mostrou comparável aos esquemas de duas ou três doses do imunizante. Os dados foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira (11).

Os achados são fruto de uma reunião do Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS (SAGE, na sigla em inglês), realizada entre os dias 4 e 7 de abril.

Segundo a OMS, a descoberta pode ser um divisor de águas para a prevenção da doença, uma vez que a dose única poderia ser aplicada em um número maior de mulheres. A OMS afirma que o câncer do colo do útero é altamente evitável, sendo uma doença de desigualdade de acesso.

A nova recomendação do grupo de trabalho da OMS tem como base preocupações com a lenta introdução da vacina contra o HPV nos programas de imunização e baixa cobertura geral da população, especialmente em países mais pobres.

Mais de 95% dos casos do câncer do colo do útero são causados pelo HPV, vírus transmitido sexualmente. A doença é o quarto tipo de câncer mais comum em mulheres em todo o mundo, com 90% dessas mulheres vivendo em países de baixa e média renda.

“A vacina contra o HPV é altamente eficaz para a prevenção dos sorotipos 16 e 18 do HPV, que causam 70% dos casos de câncer do colo do útero”, disse Alejandro Cravioto, presidente da SAGE em comunicado.

O grupo de trabalho recomenda que os países introduzam as vacinas contra o HPV nos sistemas de saúde e priorizem a recuperação de meninas e mulheres que ainda não foram imunizadas. Segundo a OMS, as orientações poderão contribuir para aumentar a cobertura vacinal e, consequentemente, evitar o desenvolvimento desse tipo de câncer.

Orientações da OMS

A OMS recomenda a atualização dos esquemas de dose para HPV da seguinte forma

Esquema de uma ou duas doses para o alvo primário de meninas de 9 a 14 anos

Esquema de uma ou duas doses para mulheres de 15 a 20 anos

Duas doses com intervalo de seis meses para mulheres com mais de 21 anos

De acordo com a OMS, pessoas imunocomprometidas, incluindo aquelas com HIV, devem receber três doses, quando possível, ou no mínimo duas doses, uma vez que as evidências sobre a eficácia de uma dose única neste grupo ainda são limitadas.

“Acredito firmemente que a eliminação do câncer do colo do útero é possível. Em 2020, a Iniciativa de Eliminação do Câncer Cervical foi lançada para enfrentar vários desafios, incluindo a desigualdade no acesso a vacinas. Essa recomendação de dose única tem o potencial de nos levar mais rápido ao nosso objetivo de ter 90% das meninas vacinadas aos 15 anos até 2030”, comentou a Diretora-Geral Adjunta da OMS, Princess Nothemba (Nono) Simelela.

Cobertura vacinal

Globalmente, a aceitação da vacina tem sido lenta e a cobertura nos países muito inferior à meta de 90%. Em 2020 a cobertura global com duas doses foi de apenas 13%.

Segundo a OMS, vários fatores influenciaram este cenário, incluindo desafios de fornecimento, de planejamento e custos relacionados à entrega do esquema de duas doses para mulheres mais velhas que normalmente não fazem parte dos programas de vacinação infantil. Além disso, pesa o custo relativamente alto das vacinas contra o HPV, principalmente para países de renda média.

“Precisamos de compromisso político complementado com caminhos equitativos para o acesso à vacina contra o HPV. Não fazer isso é uma injustiça para a geração de meninas e mulheres jovens que podem estar em risco de câncer do colo do útero”, completa Princess.

A opção por um esquema de dose única da vacina é menos dispendiosa, consome menos recursos e é mais fácil de administrar. Além disso, facilita a implementação de campanhas de recuperação para várias faixas etárias, reduz os desafios ligados ao rastreamento de meninas para a segunda dose e permite que os recursos financeiros e humanos sejam redirecionados para outras prioridades de saúde.

*Com CNN Brasil

Foto: Tashatuvango