USP desenvolve robô neurocirurgião que torna cirurgias no cérebro de crianças mais precisas
08/05/2021
Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com a Faculdade de Medicina do campus de Ribeirão Preto (FMRP), desenvolveram um robô para ser utilizado durante cirurgias realizadas em crianças que sofrem de epilepsia, um dos problemas neurológicos mais frequentes na infância.
Através do implante de eletrodos no crânio daqueles que apresentam esse problema de saúde o cérebro será monitorado durante uma crise, fornecendo dados precisos aos profissionais. Segundo o engenheiro Glauco Caurin, professor do Departamento de Engenharia e coordenador do projeto, com a tecnologia, a operação se tornará muito mais segura, rápida e eficiente do que aquelas realizadas hoje em dia nos hospitais. “O robô conta com câmeras e sensores de distância. Um sistema de inteligência artificial analisa as imagens, os dados captados e mapeia os pontos para inserir os eletrodos. O médico vai ter um guia. Não tem erro. É mais segurança para as crianças que passam por esse tipo de procedimento”, disse Glauco.
Para criar a nova tecnologia, os pesquisadores importaram da Alemanha um braço mecânico articulado de última geração com aproximadamente 1,6 metro (m) e 45 quilos (kg), o qual será controlado por códigos computacionais que estão sendo desenvolvidos na EESC.
“Estamos aplicando na neurocirurgia sistemas criados para diferentes áreas e adaptando softwares já disponíveis no mercado, alguns desenvolvidos por universidades brasileiras, para deixar o custo de produção mais barato e, consequentemente, a inovação mais acessível para os hospitais”, diz Caurin – docente da EESC.
Ele explica que o que é conhecido como robô é na verdade um braço mecanizado, que tem várias articulações que permitem a esse dispositivo posicionar ferramentas que auxiliam o cirurgião. “Ele consegue ser manipulado e posicionado de forma a carregar as ferramentas que vão ser usadas na cirurgia, próximas da cabeça do paciente.”
Funcionando como suporte do médico, o robô não irá realizar cirurgias sozinho, apenas servirá como equipamento auxiliar e oferecerá uma segurança a mais.
Também faz parte do equipamento um sistema de imagem 3D que captura a posição do robô e calcula a posição dos equipamentos na cabeça do paciente.
Após o procedimento de colocação dos eletrodos, o paciente ficará em observação no Hospital das Clínicas da FMRP por até uma semana. Durante esse período, a equipe vai aguardar a criança ter uma crise convulsiva, para que, a partir dos sinais elétricos emitidos pelos sensores, os médicos consigam identificar a origem da convulsão e planejar com exatidão a retirada da região doente do cérebro.
Ainda não houve teste em seres humanos
Testada em um ambiente que simula o procedimento cirúrgico do início ao fim, dentro de um dos hangares do Departamento de Engenharia Aeronáutica (SAA), a tecnologia ainda não foi aplicada em seres humanos. Estima-se que quando utilizada em humanos, pelo menos mil crianças atendidas no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto possam ser beneficiadas com o uso da nova tecnologia.
Fonte: Jornal USP
Foto: Henrique Fontes/ EESC