Colômbia autoriza eutanásia em mulher sem doença terminal. Entenda
09/10/2021Está marcada para este domingo (10), às 7h (hora local, 9h em Brasília) a morte de Martha Liria Sepúlveda. Com esclerose lateral amiotrófica (ELA), colombiana de 51 anos é a primeira pessoa sem estado terminal a ter a eutanásia autorizada na Colômbia.
A eutanásia, ou morte assistida, é legalizada na Colômbia desde 1997. O país, aliás, foi o primeiro na América do Sul a legalizar o procedimento. Porém, a prática valia apenas para pacientes que tivessem doenças terminais — ou seja, seria uma forma de abreviar o sofrimento da pessoa em situação já irreversível, se assim fosse a decisão dela.
Em julho de 2021, a Corte Constitucional — equivalente ao Supremo Tribunal Federal no Brasil — aprovou a extensão do acesso à eutanásia para pessoas que não estejam em estado terminal. A decisão foi autorizada por 6 votos favoráveis e 3 contrários.
A decisão estende a eutanásia “sempre que o paciente padecer de um intenso sofrimento físico ou psíquico, proveniente de lesão corporal ou doença grave e sem cura”.
É aí que entra a situação de Martha, com esclerose lateral amiotrófica (ELA). Em entrevista à emissora de TV colombiana Caracol, ela relatou sentir dores e ter perdido o movimento das pernas, o que a atrapalha na vida cotidiana.
É aí que entra a situação de Martha, com esclerose lateral amiotrófica (ELA). Em entrevista à emissora de TV colombiana Caracol, ela relatou sentir dores e ter perdido o movimento das pernas, o que a atrapalha na vida cotidiana.
Já em julho, pouco depois da decisão da Corte, Martha solicitou a autorização e conseguiu. Primeiro, gostaria que a eutanásia fosse aplicada em 31 de outubro, mas preferiu antecipar para 10 de outubro — ou seja, este domingo — para as 7h, hora em que costumava ir à missa.
O que é eutanásia e onde mais ela é legalizada?
Poucos países autorizam a eutanásia ativa, que é quando a equipe médica em comum acordo com o paciente e/ou a família ativamente interrompem a vida do doente para abreviar o sofrimento.
O procedimento é diferente do suicídio assistido, quando uma pessoa sem doença procura auxílio médico para morrer por livre vontade, e da eutanásia passiva, que é a interrupção do tratamento que mantinha o paciente vivo.
Também é completamente diferente dos cuidados paliativos, ou seja, quando procedimentos mais invasivos deixam de ser feitos para prolongar a vida do paciente e os cuidados são mantidos para que o tempo restante de vida da pessoa ocorra sem dor e maiores sofrimentos, muitas vezes fora do ambiente hospitalar.
A eutanásia ativa é legalizada nos seguintes países:
Bélgica
Canadá
Colômbia
Estados Unidos (alguns estados)
Espanha
Holanda
Luxemburgo
Nova Zelândia
‘Deus não me quer sofrendo’
“Sou uma pessoa católica, me considero alguém que crê muito em Deus, mas, repito, Deus não quer me ver sofrer e acredito que não quer ver ninguém sofrer. Nenhum pai quer ver seus filhos sofrerem”, disse, em entrevista à emissora colombiana Caracol. (Fonte: G1)
*Foto: Federico Redondo Sepúlveda/Reprodução/Twitter