Coronavírus é detectado em gengivas de pacientes mortos no Brasil

Coronavírus é detectado em gengivas de pacientes mortos no Brasil

26/03/2021 0 Por Redação

 

Um grupo de pesquisadores brasileiros detectou, pela primeira vez, a presença do novo coronavírus nas gengivas de alguns pacientes que morreram em decorrência da covid-19. 

O estudo que possibilitou a descoberta foi realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e foi publicada na revista ‘Journal of Oral Microbiology’.

“A presença do SARS-CoV-2 no tecido periodontal pode ser um dos fatores que contribuem para a presença desse vírus na saliva de pacientes infectados”, indicou Bruno Matuck, um dos autores da investigação, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Outros vírus já haviam sido identificados anteriormente no tecido gengival, como herpes, Epstein-Barr ou citomegalovírus.

Com base nisso, os cientistas levantaram a hipótese de que o novo coronavírus, devido ao seu alto índice de infecção em comparação com outros patógenos respiratórios, poderia reproduzir-se na cavidade bucal e, assim, aparecer na saliva.

Para comprovar essa hipótese, os cientistas recolheram amostras das glândulas salivares, das gengivas e do trato respiratório superior, assim como das papilas gustativas, de sete pacientes que morreram por complicações relacionadas à covid-19.

As análises clínicas confirmaram a presença do SARS-CoV-2 no tecido periodontal de cinco das sete vítimas mortais, em alguns casos até 24 dias após a manifestação dos primeiros sintomas da doença.

“Essas descobertas mostram que o tecido periodontal parece ser um alvo para o SARS-CoV-2, e pode contribuir, por muito tempo, para o seu aparecimento em amostras de saliva”, explicou Matuck.

No entanto, o estudo destaca que a presença do vírus na saliva por um longo período “não significa que as partículas de RNA viral sejam infecciosas por todo esse tempo”.

“Outros estudos demonstram que a capacidade de contágio do vírus diminui com o tempo e atinge o seu pico em 15 dias”, afirmou o coordenador da investigação, Luiz Fernando Ferraz.

Por outro lado, a detecção do novo coronavírus nas gengivas também corrobora, segundo o relatório, que a inflação desse tecido (periodontite) aumenta o risco de desenvolver um quadro grave de covid-19.

“Uma vez que o SARS-CoV-2 infecta o tecido periodontal, a maior secreção de fluido gengival eleva a carga do vírus na saliva”, explicou Matuck.

Em apenas treze meses de pandemia, o Brasil já registrou mais de 300.000 mortes e 12,2 milhões de infectados. O país vive o pior momento da pandemia com média de quase 2.300 mortes por dia pela doença.

 

*Redação

*Foto: Pixabay